Estrongiloidíase disseminada em paciente portador de Espondiloartrite: Relato de caso
Estrongiloidíase disseminada é uma parasitose rara, de difícil diagnóstico, que acomete imunossuprimidos. A mortalidade pode chegar a 87% dos casos. Apresenta-se de forma crônica e assintomática nestes indivíduos e com poucos relatos da doença acometendo portadores de espondilite anquilosante.
Descrever um caso de estrongiloidíase disseminada em um paciente portador de espondiloartrite, em tratamento reumatológico imunossupressor.
Informações coletadas por anamnese, exame físico, exames complementares, acompanhamento clínico, revisão do prontuário e da literatura.
S.A.S, masculino, 50 anos, portador de espondilite anquilosante, em uso de prednisona e metotrexato há 2 anos, foi encaminhado ao hospital com quadro de tosse, dispnéia, diarréia há 3 semanas e perda ponderal de 7 Kgs em 30 dias. Trazia uma tomografia computadorizada de tórax com achados sugestivos de pneumocistose, já em uso de levofloxacino, metronidazol e Sulfametoxazol/trimetoprima, que foram mantidos inicialmente. Também havia recebido albendazol por 5 dias, devido a uma eosinofilia constata em exame previo. Evoluiu com hiporexia, inapetência e hematoquezia. Sendo realizada endoscopia digestiva alta que visualizou ulceras esofageanas, em estomago e intestino, sem indícios de doença inflamatória intestinal. Nesse momento, foi iniciado tratamento empírico para CMV/herpes zoster, e suspenso demais antimicrobianos, sem resposta clínica. O paciente persistiu com a tosse, agora com hemoptóicos e evoluiu com instabilidade clinica, sendo encaminhado para unidade de terapia intensiva. Prosposto e realizado uma broncoscopia com lavado bronquioalveolar, constatou-se larvas de Strongiloides stercolares, confirmando o diagnóstico de estrongiloidíase disseminada. Deste modo, foi iniciado tratamento com ivermectina oral por 6 dias, sem sucesso da terapêutica, ocorrendo óbito durante o tratamento.
Os achados clínicos da estrongiloidíase são inespecíficos, mas sintomas gastrintestinais ou pulmonares inexplicados, em pacientes susceptíveis, devem ser sinais de alerta. Dispnéia, tosse, hemoptise, hipoxemia, dor, distensão abdominal, e choque são manifestações freqüentemente descritas nas formas disseminadas da parasitose. Entretanto, os tratamentos atuais estão associados a elevadas taxas de insucesso e novos fármacos ou vias de administração ainda necessitam de maiores estudos para segurança do uso.
Espondilite anquilosante, estrongiloidíase, ivermectina
Clínica Médica
Anna Luiza Leal Chaves, Michelle Ramos Da Silva, Lisa Mielke De Oliveira, Ludmila Quintão Uhebe, Yara Abrão Vasconcelos Vivas