Relato de caso: Pseudoaneurisma de aorta como complicação de implante transcateter da válvula aórtica (TARV).
Nos últimos anos, avanços significativos vêm aparecendo no tratamento percutâneo das doenças estruturais do coração. O implante transcateter da válvula aórtica ocupa destacado papel, devido sua eficácia na melhora dos sintomas e redução da mortalidade de pacientes com risco alto para intervenção cirúrgica, principalmente idosos.
O objetivo deste caso é relatar e discutir o caso de uma paciente com estenose aórtica severa com indicação de troca valvar por TARV que teve como complicação um pseudoaneurisma de aorta.
Relato de caso. Dados coletados a partir do prontuário, após consentimento do paciente.
M. G. A, feminino, 84 anos, paciente hipertensa, hipotireoidea, dislipidêmica, com diagnóstico de estenose aórtica severa, com diversas internações anteriores por edema agudo pulmonar.
Paciente sintomática, insuficiência cardíaca classe 3 (segundo critérios da New York Heart Association NYHA), com indicação de troca valvar, porém com risco cirúrgico elevado, segundo o sistema europeu de avaliação de risco em cirurgia (European System for Cardiac Operative Risk Evaluation- EuroSCORE).
Realizada TARV por via transfemoral. O procedimento foi realizado sem pré-dilatação e sem necessidade de pós-dilatação da válvula. Excelente resultado final com significativa resolução dos gradientes pressóricos entre o ventrículo esquerdo e a aorta (pré-intervenção de 40 mmhg e pós-intervenção de <5mmhg) e mínima regurgitação aórtica residual.
No pós operatório, paciente manteve-se estável, sem novos episódios de edema agudo pulmonar ou descompensação da insuficiência cardíaca, entretanto evidenciou-se em ecocardiograma transesofágico de controle, três meses após o procedimento, presença de imagem compatível com pseudoaneurisma junto ao anel valvar aórtico, em posição lateral, com colo comunicando-se com a luz da aorta (no plano imediatamente supravalvar valvar) e com a via de saída ventricular esquerda ("leak"). O pseudoaneurisma apresenta fluxo sisto-diastólico em seu interior, medindo cerca de 22 mm x 13 mm.
Relatos de casos com pseudoaneurismas como complicação da TARV são raros e a definição terapêutica ainda não está bem descrita na literatura. Muitas vezes, a intervenção cirúrgica se faz necessária.
Nossa paciente, segue estável, sem novos episódios de edema agudo pulmonar ou descompensação da insuficiência cardíaca, aguardando definição terapêutica, em acompanhamento no Instituto de Cardiologia Fundação Universitária de Cardiologia.
TAVI; TARV; pseudoaneurisma; complicações pós TARV
Clínica Médica
Hospital Regional de São José - Santa Catarina - Brasil, Instituto de Cardiologia Fundação Universitária de Cardiologia - Rio Grande do Sul - Brasil
Julia Cristina Kurtz Teixeira, Rogerio Sarmento Leite, Tiago Vendruscolo, Giordana Zeferino Mariano, Carlos Guilherme Meyer