Síndrome de Cushing em paciente submetido ao tratamento de Síndrome de Behçet.
A Síndrome de Behçet é uma afecção inflamatória multissistêmica de natureza autoimune e com etiologia e manifestações clínicas variadas, o que gera um atraso no diagnóstico da doença. Considerada rara, afeta duas vezes mais homens, principalmente na faixa etária entre os 20 e 30 anos e apresenta maior prevalência em populações do Mediterrâneo, Oriente Médio e Japão.
Relatar e avaliar a evolução clínica do caso de um paciente portador da Doença de Behçet, em que não há mais resposta ao tratamento com corticoesteroides, desenvolvendo, assim, síndrome de Cushing concomitantemente a reação autoimune.
Relato de caso de um paciente portador da Síndrome de Behçet. As informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente, registro fotográfico dos métodos diagnósticos realizados e revisão da literatura.
Paciente masculino, 28 anos, internado no Hospital Santa Isabel – Blumenau/SC no dia 22/02/2015, para realizar de sessões de pulsoterapia com ciclofosfamida. Hipertenso, há 4 anos iniciou com queixa de cefaleia em região parietal, vômito e febre evoluindo para quadros convulsionais e quatro paradas cardiorrespiratórias, sendo reanimado. Posterior hemiparesia esquerda, artralgia em joelhos e quadril e diminuição da acuidade visual, associado à ulceração oral e genital esbranquiçadas. Em 2012, diagnóstico de Síndrome de Behçet, início de tratamento com Colchicina e Azatioprina, sem resolução. Em ressonância, redução volumétrica de hipocampo direito. Na tomografia, fratura de corpo vertebral (L2). Suspensão da Colchicina e início de Prednisolona, também sem melhoras expressivas. Atualmente, apresenta-se com fácies cushingóide e estrias violáceas em região abdominal globosa, como efeitos secundários à utilização de corticoterapia prolongada. Desta forma, realizou-se o desmame do corticoide em uso, e, desde então, indicadas as sessões de pulsoterapia.
A partir do relato, é possível evidenciar a importância do reconhecimento das manifestações clínicas da doença de Behçet, mesmo esta sendo rara e se apresentando de múltiplas maneiras: úlceras genitais, patologia ocular, vascular, arterial, renal, cardíaca e neurológica. Além disso, observa-se também a necessidade de uma terapêutica individualizada, com a intervenção de vários especialistas, a fim de que maiores transtornos, como a Síndrome de Cushing do caso, sejam reduzidos e se atinja um tratamento resolutivo, determinante para um prognóstico favorável e esperada qualidade de vida do doente.
Clínica Médica
Universidade Regional de Blumanau - Santa Catarina - Brasil
ISADORA Campos Zanon, Gabriela Tessaro Cremoneis, Tatiana Bueno Toledo, Matheus Mehret Moleta, Rafael Greco