HANSENÍASE EM FLORIANÓPOLIS: O DESAFIO DA ERRADICAÇÃO
Mesmo com uma tendência de queda no número de casos no país e no mundo, a Hanseníase ainda é considerada uma doença relevante devido ao seu poder incapacitante, atingindo principalmente a faixa etária economicamente ativa. Os fatores que contribuem para a manutenção da transmissão são: o longo período de incubação bacilar, a cronicidade das manifestações clínicas e o preconceito. O diagnóstico e o tratamento precoce, a vigilância de contatos, a divulgação dos sinais e sintomas e a sensibilização dos profissionais são medidas essenciais ao controle da doença.
Descrever a situação da Hanseníase em Florianópolis através dos casos índices e fazer a correlação entre número de contatos registrados e examinados, visando a quebra da cadeia de transmissão.
Estudo quantitativo, descritivo. Dados tabulados pelo tabwin, DATASUS, SINAN Net. Consideradas as variáveis: forma clínica, modo de entrada, situação de encerramento, fonte notificadora e contatos examinados.
Em Florianópolis, entre 1996 e 2015, foram registrados 212 casos de hanseníase residentes no município, sendo; 127 (78,8%) casos novos, 16 (7,5%) transferências, 24 (11,3%) recidivas e 5 (2,4%) outros reingressos.
A proporção de recidivas é superior à estadual e nacional (6,2 e 3,2% respectivamente). É possível que as reações hansênicas estejam sendo confundidas com recidivas, pois (46%) aconteceram em menos de 5 anos depois da cura.
Quanto ao encerramento de casos novos, de 2003 a 2014 as curas representaram 85,8% dos casos, os abandonos 3,4% e as transferências 8,8%. Três casos foram encerrados como óbito por outras causas.
Historicamente a avaliação de contatos dos casos novos é insuficiente no município, mas a articulação entre Atenção Primária e Vigilância Epidemiológica em 2012 fizeram o municipio alcançar a meta pactuada naquele ano, o que não se sustentou nos anos posteriores.
Quanto à qualidade das ações(5) dos 167 casos novos de hanseníase em residentes de Florianópolis no período de 1996 a 2015, apenas 6 (3,6%) foram detectados através da análise dos contatos dos casos índice.
Para interromper a cadeia de transmissão de uma doença com período de incubação longo como esta não é suficiente fazer o exame dos contatos no momento do diagnóstico, é necessário também um acompanhamento mais prolongado dos contatos. Além disso, os contatos não examinados de todos os casos já encerrados também devem ser buscados para avaliação.
Hanseniase, Vigilância, Transmissão, Florianópolis
Clínica Médica
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis - Vigilância Epidemiológica - Santa Catarina - Brasil
Ricardo Camargo Vieira, Ana Cristina Vidor, Francimar Furukawa Barreto, Maria Cristina Itokazu, Valdete Silva Sant’Anna