O DESAFIO DA TUBERCULOSE EM FLORIANÓPOLIS
Em Florianópolis, a tuberculose (TB) se destaca historicamente por apresentar incidência elevada e tendência de elevação desde 2005. A forma pulmonar é a mais frequente e mais relevante para a saúde pública. Cada doente não diagnosticado tende a infectar de 10 a 15 pessoas em um ano, sendo que uma ou duas adoecem. Com base nesses fatos, as principais estratégias de saúde que visam interromper a cadeia de transmissão da TB podem ser agrupadas em dois focos: o fortalecimento da adesão ao tratamento para obtenção da cura e o diagnóstico precoce.
Para a interrupção da cadeia de transmissão é essencial o exame dos contatos, uma vez que o longo tempo de exposição e a relação de proximidade com o caso índice são fatores que aumentam o risco de infecção. Além disso, possibilita a identificação de pessoas que devem receber a quimioprofilaxia que, bem utilizada, reduz de 60 a 90% o risco de adoecimento.
Descrever as características dos casos de tuberculose diagnosticados em Florianópolis, bem como avaliar os resultados da atenção à doença no município.
Estudo descritivo, dados extraídos do SINAN, DATASUS, IBGE e LAMUF. As variáveis consideradas foram: forma clínica, situação de encerramento e exames de contatos examinados e avaliação de sintomáticos respiratórios.
Quanto às formas clínicas, se observa que o município segue a tendência nacional, com a maior parte dos casos novos pulmonares (em média 78,7%) e destes, 68,1% bacilíferos. Entre 2001 e 2013 as metas preconizadas pela OMS para taxa de cura e taxa de abandono não foram atingidas em Florianópolis. As taxas de cura mais baixas ocorreram entre 2007 e 2010, variando entre 60% a 63%. As maiores taxas de abandono chegaram em torno de 19% nos anos de 2007 e 2009. Quanto à meta de exame de sintomáticos respiratórios (SR), nenhum distrito alcançou o número esperado, o que indica possibilidade de subdiagnóstico.
A descentralização do tratamento da tuberculose em Florianópolis é um potencial para melhorar o acesso ao diagnóstico e tratamento, além de permitir maior vinculação das equipes com as famílias afetadas. Mas ainda se faz necessário que estas facilidades se traduzam em melhor controle da doença, o que ainda não pode ser observado.
Tuberculose, Vigilância, Florianópolis, Forma pulmonar, sintomático respiratório, Transmissibilidade, Contatos
Clínica Médica
Ricardo Camargo Vieira, Isabela Zeni, Ana Cristina Vidor, Francimar Furukawa Barreto, Valdete Silva Sant’Anna