Associação do comportamento alimentar de risco na gênese da obesidade
Introdução: A obesidade está associada a maior morbidade e mortalidade por doenças crônico-degenerativas não transmissíveis. O comportamento e o estilo alimentar são dimensões a se considerar na abordagem comportamental e psicológica da obesidade por sua multifatorialidade.
Objetivo: Avaliar o comportamento alimentar de risco entre crianças e adolescentes no desenvolvimento da obesidade.
Método: Realizado estudo qualitativo composto por uma amostra de 124 indivíduos, de ambos os sexos, residentes no estado de São Paulo, subdivididos em dois grupos etários (terceira infância – 7 à 12 anos – e adolescentes – 13 à 19 anos). Foram aferidos peso e altura e calculados os índices de massa corpórea, classificando-se o estado nutricional por meio dos percentís do Centers for Disease Control and Prevention. Concomitantemente, aplicou-se o questionário Child Eating Behaviour Questionnaire para a identificação do comportamento alimentar individual. Os dados obtidos foram correlacionados, analisados e os resultados computados e separados por grupos etários e gênero, verificando-se a associação do comportamento alimentar de risco com a prevalência de sobrepeso e obesidade.
Resultados: A classificação do estado nutricional do total da amostra apresentou maior número de eutróficos (55%), prevalecendo na adolescência (63%) e no sexo feminino (62%), já o sobrepeso (27%), foi mais evidenciado na terceira infância (35%) e no sexo masculino (33%). A obesidade foi igualmente identificada em ambas as faixas etárias (18%), porém, acometendo mais o sexo masculino (22%). Em relação ao comportamento alimentar investigado, a análise dos resultados apontou que ambos os grupos etários apresentaram cinco escalas de risco positivas, das quais três se mostraram mais elevadas no grupo dos adolescentes (prazer em comer, resposta a saciedade e seletividade), enquanto outras duas escalas se mostraram mais elevadas no grupo da terceira infância (ingestão lenta e o desejo de beber). Não houve diferenciação do comportamento alimentar entre ambos os sexos.
Conclusão: O comportamento alimentar de risco está intimamente associado com o perfil do estado nutricional na infância e adolescência em ambos os sexos, porém, apresentando maior impacto no sexo masculino. Crianças obesas e adolescentes com sobrepeso possuem padrões de comportamento alimentar de risco muito semelhantes, sugerindo a propagação de tal influência psíquica na obesogênese ao longo das diversas fases da vida.
Obesidade, comportamento alimentar, obesogênese.
Clínica Médica
Universidade Anhembi Morumbi - São Paulo - Brasil, Universidade Cidade de São Paulo - São Paulo - Brasil
Pedro Loredano Araújo Menezes Souza, Susanny Crisrtini Vercellino Tassini