RELATO DE CASO: RUPTURA ESPLÊNICA PATOLÓGICA POR DENGUE
A ruptura espontânea de baço é uma complicação rara e de diagnóstico difícil. Muitas infecções são conhecidas por levar à esta complicação, incluindo a mononucleose infecciosa, malária, febre tifóide, varicela, endocardite infecciosa, febre Q, influenza, aspergilose e dengue.Supõe-se que uma combinação de diminuição de fatores de coagulação e trombocitopenia grave pode levar a esse fenômeno, no entanto, o mecanismo exato de ruptura do baço na dengue não é clara.
Relatar um caso de ruptura esplênica espontânea em paciente com dengue
estudo descritivo a partir de dados do prontuário
Homem, 53 anos, compareceu ao ambulatório no Centro de Referência da Dengue (CRD) no segundo dia de evolução com queixa de anorexia, cefaléia, dor retro-orbitária, febre, mialgia, prostração/astenia e tosse seca. Ao exame físico não foi encontrado alterações e exame laboratorial apresentava apenas uma plaquetopenia de 119.000. Com quatro dias de evolução, paciente retornou ao CRD relatando fraqueza e dor abdominal em quadrante superior esquerdo. Ao exame físico apresentava desidratação e PA 70 x 50 mmHg . Os exames laboratoriais apresentavam hematócrito 36,7%; hemoglobina 12,4 g/dl; leucócitos 12.300 cél/µL/mm3; plaquetas 21.000; TGO 567 / TGP 604. Foi internado e evoluiu com distensão abdominal, icterícia, hipotensão, taquicardia, taquipnéia, aumento da leucocitose e diminuição do hematócrito. Realizou USG abdominal total que evidenciou ascite abdominal e pélvica, baço de difícil avaliação com contornos irregulares. Realizou tomografia computadorizada abdominal que foi evidenciado hematoma esplênico subcapsular e líquido livre em cavidade. Foi submetido a laparotomia de urgência, onde visualizou-se volumosa quantidade de sangue em cavidade e ruptura de baço ao nível do hilo esplênico. Realizou esplenectomia total e drenagem de cavidade. Posteriormente, paciente foi para UTI onde se recuperou sem complicações. Com nove dias de evolução, foi solicitado a sorologia IgM para dengue que apresentou reagente.
No caso relatado, o paciente teve um quadro de dengue grave e uma complicação pouco descrita na literatura. Acredita-se que a ruptura do baço seja causada pela infiltração esplênica, consumo de fatores de coagulação e severa trombocitopenia. Resultam em hemorragias intraesplênicas e subcapsulares com risco de ruptura. O tratamento de escolha é a esplenectomia.
Dengue, ruptura, baço
Clínica Médica
Faculdade de Medicina de Campos - Rio de Janeiro - Brasil
Luiz José Sousa, Bruna Rodrigues Brandolini, Júlia Gomes Parente, Fernanda Boechat Pires, Luiza Nacentes Machado