Apendicite e Febre Hemorrágica da Dengue: relato de caso
Apendicite é considerada a mais comum das emergências cirúrgicas abdominais, ocorrendo em 10% da população. Sua abordagem precoce influi diretamente no prognóstico. Quanto mais tardia for a intervenção, mais difícil é seu tratamento.
Relatar um caso de apendicite associada à Febre Hemorrágica da Dengue no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
As informações foram obtidas de prontuário e revisão de literatura.
Homem de 22 anos foi referenciado com história de queda do estado geral, hipotensão, petéquias, ascite e derrame pleural com insuficiência respiratória, sendo admitido em unidade de cuidados intensivos, onde constataram sorologia positiva para Dengue, diagnosticando-se Febre Hemorrágica da Dengue. Em tomografia de abdome realizada no 20º dia de internação, observaram-se sinais de sangramento intraparenquimatoso hepático em vários estágios, ascite de grande volume de densidade heterogênea e grande fecalito em apêncice retrocecal com borramento de gordura ao redor, correspondendo a processo inflamatório. Submetido a laparotomia exploradora, drenou-se quatro litros de ascite purulenta e abscesso retroperitoneal retrocólico direito e realizou-se a apendicectomia. Após o procedimento, precisou-se-lhe drenar o hemitórax direito devido a empiema, e seguiu internado com bom curso evolutivo em uso de antibióticos de largo espectro. Recebeu alta após o 45° dia de internação, deambulando e sem queixas. No 55° dia desde sua primeira admissão, foi novamente referenciado a mesma urgência devido a formação rápida de nova coleção intracavitária e formação de abscesso hepático, onde havia hemorragia intraparenquimatosa, devido à Dengue, necessitando-se de nova intervenção cirúrgica e mais 20 dias de internação. Recebeu alta e encontra-se sob seguimento ambulatorial sob orientações de retornar à urgência em caso de novos picos febris e dores abdominais.
Devido a sobreposição de duas doenças infecciosas prevalentes no Estado do Piauí, houve retardo no diagnóstico de apendicite, implicando maior morbidade em seu curso clínico. Faz-se necessária a suspeição diante de quadro clínico atípico no diagnóstico diferencial de ascite em diagnósticos já confirmados.
Apendicite, Febre Hemorrágica da Dengue, Cirurgia.
Clínica Médica
FACULDADE INTEGRAL DIFERENCIAL - Piauí - Brasil, HOSPITAL DE URGÊNCIA DE TERESINA - Piauí - Brasil
ROBSON DAVID ARAÚJO LIAL, ANA CLARA ARAUJO CAVALCANTE, THAMIRA MELO DINIZ, MARLON MARCELO MACIEL SOUSA, DJALMA RIBEIRO COSTA