TRATAMENTO DA ENDOCARDITE INFECCIOSA MURAL COMO COMPLICAÇÃO DE INFECCÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA ASSOCIADA À CATETER DE LONGA PERMANÊNCIA EM PACIENTE ONCOLÓGICO: RELATO DE CASO
A implantação e inadequada manipulação de cateter venoso central de longa permanência (CLP) podem predispor a ocorrência de complicações infecciosas como a endocardite bacteriana, podendo aumentar a morbi-mortalidade de pacientes imunodeprimidos.
Relatar um caso de endocardite infecciosa mural relacionada à CLP, descrevendo a evolução, os achados clínicos, microbiológicos e ecocardiográficos, bem como a indicação e a resposta clínica à antibioticoterapia.
Relato de caso através de anamnese, exame físico, estudo de prontuário e revisão bibliográfica acerca do tema.
Paciente do gênero feminino, 39 anos, diagnóstico de neoplasia de mama em 2012 com metástase óssea e hepática, submetida à inserção de port-cath (CLP) para reinício de quimioterapia 40 dias antes da internação. Um dia após, iniciou febre e recebeu antibioticoterapia endovenosa por uma semana, obtendo melhora na ocasião. Evoluía com picos febris de 38,5-39°C após cada ciclo de quimioterapia, mantendo-se clinicamente estável. Na internação, persistia com febre e apresentava hemograma com desvio à esquerda. Ecocardiograma transesofágico (ETE), evidenciou massa móvel e de superfície irregular em 2,2 cm de extensão em átrio direito. Início empírico de vancomicina e retirada do cateter. Hemocultura apresentou crescimento de S. aureus e o antibiograma demonstrou sensibilidade à oxacilina. Descalonado esquema antibiótico para oxacilina com melhora da curva térmica na primeira semana de tratamento. Paciente aguarda para início de novo ciclo de quimioterapia ainda sob tratamento da complicação infecciosa.
Inserção inadequada de CLP é importante fator de risco para endocardite infecciosa em 1 a 16% dos casos, em especial em pacientes imunodeprimidos submetidos à quimioterapia. Já a endocardite infecciosa com acometimento mural é rara. A mortalidade relacionada a essa doença pode chegar a 70%, mas tem alta taxa de cura quando diagnosticada precocemente. Assim, a pronta identificação do foco infeccioso, a retirada do cateter e a escolha adequada de antibiótico levando em conta princípios de farmacocinética e farmacodinâmica (PK/PD) com vistas ao controle da doença são cruciais no prognóstico dessa complicação.
Endocardite infecciosa mural, infecção de corrente sanguínea, cateter venoso central de longa permanência
Clínica Médica
Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil
Bruna Santi Santos, Patrícia Mattos Santos, Alessandro Anversa, Cenira Santi Santos, Alexandre Schwarzbold