GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA: UM RELATO DE CASO CLÁSSICO
Denomina-se gastroenterite eosinofílica (GE) o acometimento inflamatório da mucosa gastrointestinal associado a um infiltrado eosinofílico intenso, de caráter crônico e etiologia desconhecida e pode acometer as camadas mucosa, muscular e serosa de forma focal ou difusa. Envolve sintomas gastrointestinais e sistêmicos que variam conforme a região e profundidade da infiltração, sendo as manifestações mais comuns: vômitos, dor abdominal, anorexia, ascite, diarreia, entre outras. É uma doença rara, com incidência de 28/100 mil habitantes e pode acometer crianças e adultos de ambos os sexos.
Relatar um caso de GE de evolução clássica e avaliar sua resposta terapêutica.
Trata-se de um trabalho qualitativo, do tipo relato de caso. As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário, correlacionando-os à revisão de literatura.
Masculino, 50 anos, apresentando quadro de epigastralgia e distensão abdominal nos últimos 10 dias, evoluindo com diarreia. Apresentava ao hemograma eosinofilia importante (36%) sem outras anormalidades. Foi iniciado tratamento empírico para parasitoses com nitazoxanida. À tomografia abdominal observou-se espessamento de esôfago, estômago e delgado e à endoscopia digestiva alta com biópsia pangastrite enantematosa severa com infiltrado eosinofílico em mucosa esofágica, gástrica e duodenal. Prescreveu-se Prednisona 40mg/dia por 7 dias, seguido de retirada gradual, com melhora importante do quadro. No momento segue em acompanhamento ambulatorial para investigações hematológicas adicionais.
A GE é uma doença clinicamente heterogênea, cujos sintomas são cronicamente recorrentes, ocasionalmente autolimitados e proporcionais à eosinofilia tecidual. A corticoterapia é o tratamento de escolha, entretanto, em caso de recidiva a reintrodução ou manutenção da corticoterapia faz-se necessária. Pode-se optar pelo uso de Cromoglicato Sódico, Cetotifeno e o Montelucaste Sódico, associados ou não aos corticoides e, em casos graves, corticorresistentes ou corticodependentes, a imunoterapia constitui uma alternativa. Tendo em vista a raridade da patologia, deixa-se claro a importância deste relato a fim de divulga-lo entre a comunidade médica e elucidar seu diagnóstico assim como seu tratamento precoce.
Diarreia, eosinofilia, gastroenterite.
Clínica Médica
Jéssica Lüders Bueno, Ingrid Daiane Silva , Carla Zamin Munaretto, Bruno Lorenzo Scolaro, Everson Fernando Malluta