GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA CORTICODEPENDENTE: UM RELATO DE CASO
A gastroenterite eosinofílica (GE) é uma doença inflamatória crônica rara, caracterizada pela infiltração maciça de eosinófilos em qualquer região do trato gastrointestinal, podendo afetar as camadas mucosa, muscular e serosa de forma focal ou difusa. A sintomatologia varia conforme a região e profundidade da infiltração, podendo apresentar-se com dispepsia, diarreia, dor abdominal, entre outros sintomas. Dentre os acometidos, nota-se maior frequência em caucasianos, entre 3ª e 5ª décadas de vida, e com antecedentes alérgicos e/ou de atopia. Sua incidência é de 1/100.000 casos ao ano com tendência progressiva.
Relatar um caso de GE corticodependente e correlacionar com a literatura existente.
Trata-se de um trabalho qualitativo, do tipo relato de caso. As informações foram obtidas por meio de dados de prontuário e revisão de literatura.
M.E.G, feminina, 16 anos, apresentando disfagia, regurgitação, epigastralgia e dor retroesternal há cerca de 1 ano, com história prévia de alergia alimentar. Apresentava eosinofilia (27,9%) e esofagite eosinofílica importante à endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia. Fez uso de fluticasona com melhora importante das queixas. Realizou tomografia contrastada de abdome, a qual mostrou espessamento pilórico e retardo do esvaziamento gástrico. Evoluiu com exacerbação do quadro em 10 meses, com infiltrados eosinofílicos em esôfago, estômago, e duodeno à nova EDA com biópsia. Foram prescritos omeprazol 20mg/dia e prednisona 40mg/dia (7 dias com retirada gradual), e solicitada nova EDA com biópsia em 3 meses. Evoluiu com melhora clínica, porém, triplicou o número de eosinófilos em mucosas gástrica e esofágica. Optou-se por manter medicações prescritas, e seguir com acompanhamento ambulatorial trimestral.
Apesar da etiopatogenia desconhecida, o tratamento da GE baseado na corticoterapia encontra-se bem estabelecido, com controle dos sintomas em 90% dos casos. Quando graves, corticorresistentes ou corticodependentes, a imunoterapia (azatioprina ou 6-mercaptopurina) constitui uma alternativa. Contudo, devido à cronicidade e alta taxa de recidiva da doença, 33-50%, seu seguimento deve ser realizado semestralmente. No caso relatado houve melhora clínica ao tratamento, em contrapartida notou-se ausência de resposta histopatológica, fazendo-se necessário manter terapia e acompanhamento frequentemente.
Eosinofilia, esofagite, gastroenterite.
Clínica Médica
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI - Santa Catarina - Brasil
Ingrid Daiane Silva, Carla Zamin Munaretto, Everson Fernando Malluta, Bruno Lorenzo Scolaro, Andrea Virmond El Hosni