DISTONIA RESPONSIVA A DOPA: RELATO DE CASO
A distonia responsiva a dopa (DRD), também chamada de Síndrome de Segawa, é uma doença rara e sua ocorrência é de 0,5 a 1/ 1 milhão de habitantes, sendo mais comum no sexo feminino (25:3). Tem como característica distúrbios de postura e locomoção com variação no período diurno e agravamento destes sintomas ao longo do dia em 75% dos casos, com parkinsonismo simultâneo ou tardio, sem apresentação de distúrbios cognitivos. O quadro clinico tende a ser progressivo. As manifestações clínicas têm início na infância, com distonia que acomete mais frequentemente os membros inferiores (MMII), raramente seu aparecimento poderá ser tardio. Durante a infância pode se confundir com paralisia cerebral atípica, levando a um diagnóstico errôneo. A DRD pode ser herdada como sendo autossômica dominante ou recessiva, dependendo do gene mutado.
Relatar um caso de DRD, por ser uma patologia rara tratável, de acordo com a literatura da área.
As informações contidas neste relato foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente e revisão da literatura em livros da área, assim como artigos em plataformas de dados.
Mulher, 20 anos, relata início de espasticidade de MMII aos 5 anos e aos 7 anos deambulava somente com apoio. Relata DNPM normal na primeira infância e nega história familiar de distúrbios motores. Aos 6 anos foi diagnosticada com paralisia cerebral atípica. Aos 13 anos, evoluiu com distonia intensa de MMII, tronco, membros superiores e pescoço. O quadro a impediu-a deambulação, levando-a ao uso de cadeira de rodas. Apresentou piora do quadro associada a dispneia aos 17 anos, quando foi internada para investigação diagnóstica. Iniciou terapêutica com L-dopa (300mg/dia), com melhora progressiva e significativa, apresentou discinesia, sendo realizada adequação da dose medicamentosa. Paciente hoje relata importante melhora da qualidade de vida, inclusive retorno da deambulação com apoio e principalmente independência nas atividades diárias.
O diagnóstico baseia-se na história clínica e na resposta a baixas doses de L-dopa, porém, levando-se em consideração os pacientes oligossintomáticos ou assintomáticos é necessária a realização de análise mutacional do gene GCH1 para diagnóstico. O tratamento é realizado com doses baixas de L-dopa (60mg/dia). Deve se ressaltar a realização de teste terapêutico com L-dopa em crianças e jovens com distonia idiopática.
Distonia, L-dopa, Espasticidade Muscular.
Clínica Médica
Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil
Carla Zamin Munaretto, Ingrid Daiane Silva, Anibal de Quadros