ASCITE EOSINOFÍLICA COMO MANIFESTAÇÃO DE GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA: UM RELATO DE CASO
A gastroenterite eosinofílica (GE) é uma doença rara, com incidência de 28/100 mil habitantes nos EUA em 2013. É caracterizada pela presença de intenso infiltrado eosinofílico em um ou vários segmentos do trato gastrintestinal e pode afetar a camada mucosa, muscular e serosa de forma focal ou difusa. Sua apresentação é heterogênea, acometendo crianças e adultos de ambos os sexos, possuindo prognóstico favorável, com ótima resposta a corticoterapia.
Relatar um caso de GE que evoluiu para ascite eosinofílica (AE), e demonstrar sua relevância clínica.
Trata-se de um trabalho qualitativo, do tipo relato de caso. As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuário, correlacionando-as com revisão de literatura da área.
Mulher, 34 anos, procurou serviço de emergência com queixa de aumento de volume abdominal e edema de membros inferiores (MMII) com evolução progressiva, de início há 30 dias. Negava febre, alterações gastrointestinais, genitourinárias e alergias. Ao exame físico notava-se ascite e edema de MMII 3+/4+. A ecografia de abdome evidenciava ascite volumosa e importante eosinofilia (63%) ao hemograma. Realizou-se paracentese diagnóstica com leucócitos totais 9610/mm³ com 95% de eosinófilos, proteínas 3g/dL, albumina 1,5mg/dL, LDH 442UI/L, e ausência de células neoplásicas. A tomografia de abdome mostrou volumosa ascite, espessamento de alças cólicas e de delgado, sendo que a endoscopia digestiva alta com biópsia de duodeno evidenciou infiltrado eosinofílico importante. Foram prescritos prednisona 80mg/dia, com melhora do quadro e eosinófilos indetectáveis após 3 dias. A paciente recebeu alta, orientada a manter uso de prednisona por mais 6 dias com redução gradual.
O caso relatado denota a variabilidade da apresentação da GE, sendo caracterizada pela ascite progressiva de acompanhamento hospitalar. Conforme a classificação de Klein e col., sua apresentação relaciona-se à camada predominantemente afetada, sendo que a presença de ascite traduz acometimento da serosa. A corticoterapia é a primeira linha no tratamento da GE, reforçando sua associação com alterações imunológicas locais e/ou sistêmicas, podendo ser associada a outras classes medicamentosas como estabilizadores da membrana de mastócitos, anti-histamínicos, antagonista do receptor de leucotrieno e imunoterapia.
Ascite, Eosinofilia, Gastroenterite.
Clínica Médica
Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil
Carla Zamin Munaretto, Ingrid Daiane Silva, Everson Fernando Malluta, Bruno Lorenzo Scolaro, Fangio Ferrari