PREVALÊNCIA E RISCO PARA AVC NUMA POPULAÇÃO DO NORDESTE DO BRASIL
Dentre os fatores que contribuem para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral (AVC), o grupo de riscos modificáveis é aquele com maiores possibilidades de intervenção, por meio de incentivo e apoio para mudança de estilo de vida.
Estimar prevalência e perfil de risco para AVC em população do interior da Paraíba.
Estudo transversal de base populacional com amostragem por conglomerado. Realizou-se avaliação de dados clínicos autodeclarados e aferidos de indivíduos de 17 a 90 anos, atendidos em ação social realizada em cidade polo da Paraíba (n=186). Coletaram-se: medidas de peso e altura, com cálculo de índice de massa corpórea; pressão arterial sistólica; prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), tabagismo, AVC prévio no sujeito e no grupo familiar, e de doença cardiovascular (DCV). Adicionalmente, aplicou-se cálculo modificado do Perfil de Risco para AVC, adaptado do Escore de Framingham por D’Agostino et al., para porção da amostra enquadrada entre 55 e 84 anos de idade (n=108).
Encontraram-se as seguintes prevalências: 65,1% de sobrepeso (n=121); 33,9% de HAS (n=63); 8,1% de DM (n=15); 2,7% de tabagismo (n=5); 1,1 e 2,7% (n=2 e n=5) para AVC prévio no sujeito e no grupo familiar, respectivamente; e 3,2% de DCV (n=6). Tabagismo, AVC prévio e DCV foram achados exclusivos do sexo masculino, enquanto a frequência relativa de HAS foi maior no sexo feminino. As prevalências de sobrepeso, DM e histórico familiar de AVC não apresentaram diferenças significativas entre os gêneros. Em relação ao Perfil de Risco para AVC, o sexo masculino apresentou predominância para risco maior em todas as faixas etárias, exceto na de 80 a 84 anos, em concordância com as probabilidades médias para idade apresentadas por D’Agostino, apesar de apresentarem valores individuais menores do que estas.
Os resultados encontrados não apresentaram diferenças estatísticas em relação aos grupos etários. A prevalência de AVC prévio parece ter sido subestimada por falha de coleta dos avaliadores. Faz-se necessário, portanto, realizar nova pesquisa, a fim de eliminar os vieses deste estudo piloto, principalmente em relação à dimensão e critérios de seleção da amostra, bem como incluir análise de outros dados relevantes, como raça, nível socioeconômico, medida de circunferência abdominal e existência de hipertrofia ventricular esquerda.
Acidente Vascular Cerebral; Medidas em Epidemiologia; Fatores de Risco.
Clínica Médica
Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande - Paraíba - Brasil, Hospital Regional de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes - Paraíba - Brasil
Francisco Lucas de Sousa, Waldilene Rodrigues Ferreira, Adysia Moreira Florentino da Silva, Hitallo Nunes Medeiros, Amauri Pereira da Silva Filho