Aids crônica: perfil dos casos novos de HIV/Aids em um centro de referência no interior do Rio Grande do Sul
Fundamentação/Introdução: Estima-se, aproximadamente, 734 mil pessoas vivendo com HIV/Aids no Brasil. A partir dos anos 90, a expectativa de vida dessas pessoas aumentou significativamente com avanços no conhecimento da história natural da doença e a possibilidade de monitorização da sua progressão, além da universalização das terapias antirretrovirais. No Brasil, 71,3% dos óbitos ocorreram entre homens e 28,6% entre mulheres, no entanto, há um aumento significativo de óbitos no sexo feminino e uma tendência de estabilização no sexo masculino.
Objetivos: Reconhecer o perfil dos casos novos de HIV/Aids na cidade de Santa Cruz do Sul/RS. Entender as peculiaridades da alta incidência na região, para estabelecer abordagem preventiva mais eficiente e promover a saúde de acordo com a realidade dos pacientes.
Delineamento e Métodos: Estudo Observacional Descritivo Transversal, através da revisão dos casos novos de HIV/Aids, entre 1º de janeiro e 31 de março de 2015, atendidos no Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (CEMAS/SAE/CTA) de Santa Cruz do Sul/RS. Foram identificados 46 casos novos de HIV/Aids no período.
Resultados: Dos 46 casos novos de HIV/AIDS identificados 52,17% eram mulheres, com idade média de 49,5 anos. Duas pacientes evoluíram para óbito. Três eram gestantes, sendo que 2 receberam o diagnóstico no segundo trimestre de gestação e uma no primeiro. O número de pacientes com contagem de CD4+ <200 células/mm3 na primeira dosagem foi de 21,74%. Dos 30 pacientes que já tinham contagem de CD4+, 10 estavam abaixo de 200 células/mm³, 15 entre 200 e 500 células e 5 acima de 500 células. 58,7% dos pacientes já estavam realizando TARV. Somente em um paciente a primeira carga viral foi indetectável, sendo que a média da primeira carga viral foi de 246.664,4 cópias/mL.
Conclusões/Considerações Finais: Com 31 novos casos nos primeiros 3 meses do ano de 2015, a taxa anual de infecção será de 104,75 casos para cada 100 mil habitantes, caso este ritmo se mantenha até dezembro. A média de idade dos pacientes deste estudo mostra a necessidade de campanhas não destinadas somente ao público jovem, mas também para a população acima de 45 anos, na qual a incidência vem aumentando significativamente. A alta média da primeira carga viral detectável e o alto número daqueles com contagem de linfócitos CD4+ abaixo de 200, mostra que a detecção está sendo feita de forma tardia, evidenciando a necessidade de encorajar a realização do teste precocemente.
Aids. Infecção por HIV. Incidência. Diagnóstico. Casos novos.
Clínica Médica
Universidade de Santa Cruz do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Gabriela Hochscheidt Mahl, Paula Luisa Bach, Henrique Wentz, Candice Franke Krumel, Cristiane Pimentel Hernandes