Avaliação do Risco para Doença Arterial Obstrutiva Periférica no paciente diabético
A Doença Arterial Obstrutiva Periférica (DAOP) é uma condição caracterizada pelo estreitamento ou oclusão crônica das artérias das extremidades inferiores, os quais implicam em redução no fornecimento de sangue para esta região. A DAOP, ao causar insuficiência arterial, constitui um fator de risco independente para o desenvolvimento de úlceras nos pés de pacientes com diabetes mellitus (DM).
O presente estudo objetiva avaliar o risco de DAOP em pacientes com DM de um município rural, situado no meio-oeste de Santa Catarina. Ainda, verificar quais grupos são os mais afetados, a fim de planejar estratégias para diminuição deste agravo.
Trata-se de estudo transversal onde foram avaliados ao longo de 2014 pacientes diabéticos atendidos junto à ESF do município. Foi utilizado um formulário de avaliação e rastreamento de DAOP para a atenção básica, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Diabetes. Ainda, foi realizada aferição do Índice Tornozelo-Braquial (ITB). Para a mensuração deste índice utilizou-se um esfigmomanômetro de mercúrio devidamente calibrado para o cálculo da razão entre a pressão arterial sistólica (PAS) de maior valor dos membros inferiores e a PAS de maior valor dos membros superiores. Foi considerado o diagnóstico de DAP quando os valores se encontravam abaixo de 0,9.
Na amostra (n= 113), da qual 47,8% eram do sexo feminino, a DAOP foi observada em 12,93% (n= 15). Nos usuários de insulina, a prevalência de DAOP foi 2,55 vezes maior. Nas mulheres, quando comparadas aos homens, a razão de prevalência para DAOP foi 2,47. Já com relação aos níveis de Hemoglobina glicosilada, aqueles pacientes com valores superiores a 10% apresentaram uma prevalência DAOP 1,81 vezes maior, seguido pelo grupo com valores entre 9% a até 10%, cujo valor era 1,33. A presença de vasos dilatados nos pés foi observada em 33,63% (n= 38), pele seca, com rachaduras e fissuras em 59,29% (n= 67), calosidades em 43,36% (n= 43) e, o uso de calçados adequados em 91,15% (n= 103).
O reconhecimento das complicações das doenças crônicas não-transmissíveis, como o DM, permite ao médico de família planejar estratégias de intervenção nos grupos mais acometidos. Na população em estudo, este foi representado pelas mulheres, usuários de insulina e com níveis maiores de hemoglobina glicosilada. Além disso, orientações para o cuidado nos pés destes pacientes são fundamentais.
Doença Arterial Periférica , Diabetes Mellitus, Atenção Primária à Saúde.
Clínica Médica
Julia Lais Hofler, Maria Paula Saccol, Eliane Boschetti Assonalio, Denis Conci Braga, Silvia Monica Bortolini