Trombose Venosa Cerebral de Seio Sagital Superior associado à anticoncepção oral
A Trombose Venosa Cerebral (TVC), de veias ou seios venosos, é uma entidade com incidência de aproximadamente 5 casos por milhão por ano sendo três vezes mais frequente em mulheres do que em homens, constituindo menos de 1% dos casos de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC)
O objetivo desse artigo é relatar um caso de TVC associado a anticoncepcional oral, ressaltando essa forma de apresentação e sua abordagem diagnostica
As informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário e revisão da literatura
Paciente do sexo feminino, VPS, 28 anos, com quadro súbito de cefaleia holocraniana, de forte intensidade, associada a náuseas e vômitos. Fazia uso de anticoncepcional oral (ACO) por cerca de 15 anos. Apresentou dois episódios de crise convulsiva. Exames laboratoriais e do líquor dentro da normalidade, Tomografia Computadorizada (TC) crânio evidenciou sinal da corda em porção parietal direito, sugestiva de trombose de seio venoso. Admitida no HPSMC com piora do quadro prévio com aparecimento de hemiplegia completa a esquerda com rebaixamento do nível de consciência, necessitando de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento de suporte. Realizou Angiografia Cerebral que evidenciou falha de enchimento de seio sagital superior bastante pronunciada na drenagem venosa, repercutindo com lentificação de fluxo distal de Artéria Cerebral Média direita (M4), sugestiva de trombose venosa cerebral com comprometimento grave do seio sagital superior. Sorologia HIV, VDRL, provas inflamatórias, FAN; Anti-SM; anticorpo anti fosfolipedes, dosagem proteína S,C; Anti trombina III, negativos. Iniciada anticoagulação em dose plena com enoxaparina e em seguida Varfarina. Paciente apresentou boa evolução clínica, recebendo alta com Varfarina e suspensão de ACO
A TVC é uma doença infrequente que necessita de um alto grau de suspeição clínica em pacientes com quadros neurológicos, principalmente cefaleia, de evolução subaguda. A presença de fatores de risco pró-trombóticos deve ser sempre considerada, apesar de não estar presente em alguns casos. O acometimento de mulheres jovens é importante, fato que pode ser atribuído ao uso de ACO, sendo este o principal fator de risco associado, como neste caso relatado. A propedêutica imaginológica com ressonância magnética ou angiografia cerebral é necessária para confirmação diagnóstica. A instituição da adequada terapia anticoagulante cessa a progressão da doença, previne sua recidiva e traz melhora no quadro.
trombose venosa cerebral, anticoncepcional oral, complicação
Clínica Médica
Nathalia Suzan Camarao Silva Martins, César Augusto Androlage Almeida Filho, Rui Carlos Silva Junior, Paula Oliveira Lucialdo Landim, Wandilson Xavier Alves Junior