Espondilodiscite pós furunculose em paciente jovem e sem comorbidades
A espondilodiscite piogênica é a infecção da vértebra e espaço intervetebral. Representa de 2 a 5% de todos os casos de osteomielite. A causa mais comum é a disseminação hematogênica do estafilococos aureus que é responsável por mais de 50% dos casos. Os patógenos podem atingir o osso, por três vias: disseminação hematogênica de um foco distante de infecção; inoculação direta; disseminação por contiguidade de uma infecção de partes moles. A manifestação clínica mais comum é a dorsalgia que geralmente é insidiosa, se a infecção se estende posteriormente ao saco dural, pode haver sintomas de compressão medular. Os exames laboratoriais são inespecíficos e destaca-se elevação da velocidade de hemossedimentação (VHC) e proteína C reativa (PCR). A hemocultura é positiva em aproximadamente 50% dos pacientes. A Ressonância Magnética é a técnica radiológica mais sensível na detecção da osteomilelite vertebral.
Apresentar o caso de espondilodiscite em paciente jovem e sem comorbidades.
Relato de caso e revisão de literatura de espondilodiscite em paciente jovem sem comorbidade
A.P. masculino, 44 anos, pintor, casado, natural e procedente do Rio de Janeiro, sem comorbidades. Há 1 mês apresentou furunculose em região glútea que evoluiu para celulite extensa em dorso, e, posteriormente, paraparesia e parestesia em membros inferiores com incapacidade funcional e febre. Apresentava PCR e VHS elevadas, tomografia computadorizada (TC) de tórax e abdome com imagem de consolidação com escavação central, nefrograma alterado, RM da coluna dorsal com imagem em hipersinal em T2 do disco, corpo vertebral e partes moles, compatível com o diagnóstico de espondilodiscite, hemoculturas negativas. Tratado empiricamente com ciprofloxacino e vancomicina venosas por 12 semanas, considerando o S. aureus como provável patógeno, evoluiu com melhora clínica e laboratorial.
A espondilodiscite é uma doença tipicamente de idosos com comorbidades, ocorrendo mais frequentemente após procedimentos cirúrgicos, cuja incidência está aumentando com o aumento destes e com o advento de novas técnicas diagnósticas. A importância deste relato está no fato do paciente não apresentar os fatores de risco mais prevalentes para esta doença e alertar para a importância de uma elevada suspeição clínica, pois o diagnóstico precoce de espondilodiscite frente a uma queixa tão prevalente quanto inespecífica de dorsalgia, e seu pronto tratamento é o fator determinante na morbiletalidadeda doença.
espondilodiscite, bacteriana, antibióticos.
Clínica Médica
Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro - Brasil, Hospital Estadual Carlos Chagas - Rio de Janeiro - Brasil
FERNANDA MORETTI SANTOS, CAMILA DEICKE WESTPHALEN, LAURA RODRIGUES AMORIM, DANIELLA ARAÚJO CAVALCANTI, DÉBORA ROCHA MOURA RODRIGUES AGUIAR