CIRROSE HEPÁTICA: UM PANORAMA DO AMAZONAS
A cirrose hepática (CH) se caracteriza por fibrose hepática difusa, transformação nodular e perda da arquitetura normal do fígado. Estima-se que a cirrose hepática seja responsável por um milhão de mortes por ano, representando 1,1% das mortes no mundo. No Brasil a prevalência é de 0,35%.
O prognóstico da CH depende da etiologia, gravidade da doença, presença de doenças associadas e complicações. Sendo fulcral conhecer os dados epidemiológicos para fazer avanços na área.
Analisar o perfil clínico-epidemiológico de pacientes com cirrose hepática no Amazonas.
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo que analisou 269 pacientes com CH. Os dados foram coletados do sistema GrupoHepato-Am. Foram arquivados e analisados utilizando a ferramenta Epi Info 7.
Notou-se maior prevalência entre os homens em relação as mulheres (57% do sexo masculino e 43% do sexo feminino). A faixa etária mais prevalente foi entre 50 e 60 anos com 31,44%, seguida da faixa acima de 60 anos com 24,24%; 30 a 40 anos 21,59%. Foi demonstrado uma maior prevalência entre indivíduos de cor parda 87%, seguida de branca 7% e da negra 6%. A análise da etiologia mostrou que a coinfecção pelos vírus B + D representou 27,17%; a Hepatite C 18,49%; a Hepatite B 18,49%; a Doença Hepática Alcoólica 18,11%; a Cirrose Criptogênica 8,30%; a Hepatite Auto-imune – 4,53%; o CH NASH 2,26%; a Hepatite Medicamentosa 1,51% e a Cirrose Biliar Primária 1,13%.
A avaliação prognóstica foi analisada pela classificação de Child-Pugh foi descrita como Child A 31%, Child B 49%, e Child C 20%. O Escore de MELD mais prevalente foi < 15 representando 72,15% dos analisados.
Mais de 64% da CH no Amazonas foi associada a etiologia viral, destacando-se a coinfecção B e Delta. A distribuição por microrregiões destaca a importância da Amazônia Ocidental na prevalência destes vírus; 67% destes pacientes coinfectados pertenciam a uma faixa abaixo de 40 anos, o que chama a atenção para a importância da possível transmissão vertical destes vírus na região.
A maioria dos paciente não apresentou comorbidades e apresentou poucos sinais de descompensação. Destacamos portanto a importância do diagnóstico precoce dessas infecções virais no sentido de diminuir a transmissão e evitar ou retardar a progressão para CH a fim de garantir melhor prognóstico a esses pacientes com aumento da sobrevida e melhora da qualidade de vida com impacto positivo na redução da taxa de mortalidade, do número de transplantes hepáticos e de custos para o SUS.
CIRROSE; FÍGADO; FIBROSE; AMAZONAS.
Clínica Médica
Fundação Hospital Adriano Jorge - FHAJ - Amazonas - Brasil, Universidade do Estado do Amazonas - UEA - Amazonas - Brasil
MARIA DE NAZARÉ DOS SANTOS SIMÃO, MICHAEL DO NASCIMENTO CORREIA, FERNANDA PAZ DE OLIVEIRA, ANA RUTH SILVA DE ARAÚJO