Hiperparatiroidismo Primário grave como diagnóstico diferencial de neoplasia óssea – Relato de caso
O hiperparatireoidismo primário (HPP) resulta da produção autônoma de PTH, promovendo aumento da reabsorção óssea e hipercalcemia. É frequentemente subdiagnosticado devido à sua apresentação assintomática (hipercalcemia laboratorial) ou oligossintomática (nefrolitíase, poliartralgia, osteoporose secundária). Mais raramente se apresenta com hipercalcemia grave, sobretudo quando secundária a carcinoma de paratireóide, resultando em dor óssea e fraturas e fazendo diagnóstico diferencial com doenças neoplásicas (mieloma múltiplo e metástases osteolíticas – mama, pulmão, rins).
Relatar uma apresentação incomum de adenoma de paratireóide. Reforçar hiperparatiroidismo primário como diagnóstico diferencial de hipercalcemia da malignidade.
Relato de Caso.
AAS, masculino, 51 anos, natural do Rio de Janeiro. Referindo dor óssea, emagrecimento, poliúria e fraturas de ossos longos por trauma de baixo impacto (antebraço esquerdo por queda de própria altura, antebraço direito ao levantar peso e clavícula esquerda ao exercer pressão contra o solo). Exame físico: nódulo visível e palpável em região cervical anterior. Exames laboratoriais: Ca corrigido= 14,9 mg/dL (VN: 8,0-10,2 mg/dL), PTH >2500 pg/mL (VN: 10-65 pg/mL), P= 2,1mg/dL (2,5-5,6 mg/dL). USG abdome: urolitíase bilateral. USG cervical: nódulo heterogêneo medindo 3,1 x 1,7 cm em topografia de lobo direito da tireóide, podendo corresponder ao aumento da Paratireóide. TC de tórax: lesões osteolíticas em corpos vertebrais, arcos costais e clavículas. RX mãos: aumento da reabsorção subperiosteal de falanges distais. Cintilografia óssea: hipercaptação difusa do radiotraçador, sugerindo osteólise. Densitometria Óssea: osteoporose (T- score – 2,6 L1-4; - 3,5 colo de fêmur; - 3,5 fêmur total). Cintilografia de paratireoides (Tc-SESTAMIBI): hipercaptação em paratireóide inferior direita. Submetido à paratiroidectomia direita. Histopatológico: adenoma de paratireóide. Melhora acentuada da dor, não fraturou mais. Retorno do cálcio e PTH aos valores da normalidade. Nova densitometria após 1 ano: importante ganho de massa óssea (152% em fêmur e 97% em coluna lombar).
Ressaltamos a importância do HPP no diagnóstico diferencial de hipercalcemia, onde um simples exame laboratorial (PTH) permite a diferenciação com outras possíveis causas, como neoplasias e doenças granulomatosas e minimiza custos na investigação diagnóstica.
Hipercalcemia, Hiperparatiroidismo primário, Osteoporose, Fratura
Clínica Médica
Faculdade de Medicina de Campos - Rio de Janeiro - Brasil
Maurício Manhães Lauriano, Fernanda Machado Moura da Silva, Guilherme Alcantara Cunha Lima, Matheus Araujo Zulchner, Paula Spinassé Borges