Como podemos minimizar o risco de endocardite infecciosa em paciente renal crônico portador de bioprótese valvar implantada por cateter (CoreValve®): relato de caso
Fundamentos: A estenose aórtica (EO) grave é uma doença valvar com elevado risco de mortalidade e sua substituição cirúrgica é o tratamento de eleição, nesse contexto, a CoreValve® aparece como alternativa aos pacientes com necessidade de troca valvar e elevado risco para procedimento convencional. A presença de cateteres e dispositivos percutâneos utilizados por pacientes renais crônicos em terapia de substituição renal (TSR), implica no acréscimo da chance de desenvolvimento de endocardite infecciosa (EI) na valva implantada.
Obletivo: Relatar o caso de um paciente renal crônico em TSR com EI por Staphylococcus aureus em prótese de CoreValve®, apontando possíveis medidas que possam minimizar o risco de EI.
Delineamento e Metodos: Relato de caso
Descrição do Caso: Homem de 82 anos em TSR através de cateter de Permcath® desde o implante da CoreValve® em posição aórtica em 2008. Foi internado em Dezembro de 2013 com dispnéia e apresentava sopro diastólico aspirativo em foco aórtico. O ecocardiograma transtorácico complementado pelo transesofágico, evidenciou endoprótese em posição aórtica com insuficiência perivalvar por deiscência da bioprótese, de grau moderado e ausência de vegetações. A hemocultura identificou Staphylococcus aureus resistente à penicilina, sendo iniciado antibioticoterapia com Vancomicina em dose corrigida. Os achados preencheram dois critérios maiores da Duke, sendo definido o diagnóstico de EI por Staphylococcus aureus em prótese biológica. O paciente evoluiu estável até o 13º dia de antibioticoterapia, quando apresentou instabilidade hemodinâmica. Visto a inelegibilidade clínica ao procedimento cirúrgico, que é o tratamento de escolha para EI em prótese, o paciente faleceu por impossibilidade de tratamento.
Considerações e conclusões: O risco relativo de bacteremia é cerca de 6 vezes maior em pacientes com cateteres quando comparado aos com fístula arteriovenosa (FAV) (1,3 e 7,6% respectivamente). A incidência de EI após a substituição valvar é de 3 a 5,7% em 5 anos, com pico nos 3 primeiros meses após o implante. Nos pacientes em uso de dispositivos como o Permcath®, a incidência de EI é de 28,7% em um ano. Desta forma faz-se necessário o questionamento em relação à conduta a ser tomada, minimizando a incidência da infecção da bioprótese. Assim medidas profiláticas podem ser adotadas em pacientes em TSR com prótese valvar, como a racionalização do uso de cateteres percutâneos e preferência ao uso da FAV.
Estenose aórtica, Endocardite infecciosa, CoreValve®
Clínica Médica
Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo - São Paulo - Brasil
Stephane Tomas da Luz, Fernanda Laraia da Rocha Lobo, Rodrigo Noronha Campos, Jose Marcos de Gois, João Egidio Romão Júnior