Título

Colestase intra-hepática por uso de stanozolol: relato de caso

Fundamentação/Introdução

A colestase intra-hepática caracteriza-se por retenção de bile acumulada no parênquima hepático. Agentes exógenos, como stanozolol, podem causar lesões diretas nos ductos biliares intra-hepáticos induzindo a colestase, prejudicando a excreção de bile.

Objetivos

Relatar um caso de colestase intra-hepática por uso de stanozolol.

Delineamento e Métodos

Entrevista com o paciente, revisão de prontuário, métodos complementares (exames laboratoriais, de imagem e histopatológicos) e revisão de literatura.

Resultados ou Descrição do Caso (quando Relato de Caso)

Homem, 23 anos, negro, escrevente de cartório, natural e procedente de Macaé/RJ. Etilista social com ingestão de fermentados e destilados. Em abril de 2015 fez uso de Stanozolol intramuscular (total de 400mg), whey-Protein e creatinina para musculação. Nega hemotransfusão, realização de tatuagem há 1 ano. Em 14/06/15 apresentou icterícia leve de mucosas, após libação alcóolica. No pronto atendimento foi constatado hiperbilirrubinemia, sem outros sinais e sintomas, liberado para investigação ambulatorial . Com a permanência da icterícia, foi internado em 23/06/2015, evidenciando hiperbilirrubinemia e fosfatase alcalina 4 vezes o limite da normalidade, indicando padrão colestático. Exames de imagem sem alterações. Rastreio sorológico e para doenças autoimunes negativos. Eletroforese de hemoglobina normal. Sorologia para Epstein Barr IgG positivo e IgM negativo. Durante internação não apresentou acolia fecal e colúria e raramente queixou -se de prurido. Foi submetido a biópsia hepática, e histopatológico evidenciou Hepatite Aguda Colestática, com padrão intracanalicular. Devido a insuficiência hepática com risco de falência do órgão, o paciente foi transferido para um Hospital de Referência em Hepatologia. Com a melhora da função hepática, bilirrubina em queda e por não apresentar indicação de transplante hepático no momento, o paciente recebeu alta em 10/08/2015 para seguimento clínico e laboratorial estrito.

Conclusões/Considerações Finais

A constante busca por padrões estéticos rigorosos nem sempre ocorre de forma saudável ou com acompanhamento profissional, podendo gerar grandes danos à saúde de pessoas que utilizam substâncias como os esteroides anabólico-androgênicos (EAA) . Ainda não se tem conhecimento de todos os efeitos adversos dos EAA, e os que são conhecidos podem ter desfechos dramáticos, como insuficiência hepática grave com indicação de transplante. Cabe aos órgãos competentes a prática de medidas educativas afim de alertar a população sobre os riscos associados ao uso indevido e sem supervisão médica dos EAA .

Palavras-chave

colestase intra-hepática; stanozolol; icterícia; anabolizantes; esteroides

Área

Clínica Médica