Síndrome Hemofagocítica Secundária: Relato de Caso
A Síndrome Hemofagocítica (SHF), descrita pela primeira vez em 1952, é por vezes subdiagnosticada. Existem poucos registros na literatura e está relacionada a alta mortalidade.
Relatar o caso de um paciente com SHF pela importância diagnóstica e tratamento precoce.
Realizou-se um estudo retrospectivo observacional de um paciente com SHF.
Masculino, 28 anos, interna em hospital apresentando epistaxe, astenia, perda de 5kg em 20 dias e febre. Tabagista, sem comorbidades prévias ou uso de medicamentos. Ao exame, regular estado geral, hipocorado; ausculta cardíaca com sopro holossistólico (+3/+6), taquicárdico. Demais sistemas, sem alterações.
Exames evidenciaram pancitopenia, iniciado tratamento para neutropenia febril com Cefepime. Não se identificou causa para alterações hematológicas. Realizou-se biópsia de medula óssea demonstrando achados sugestivos de SHF secundária com atividade hematopoiética megaloblástica.
Iniciou-se tratamento para SHF com suporte hemoterápico, dexametasona e ciclosporina, sendo as mesmas dadas em sua alta após trinta dias. No retorno ambulatorial, paciente manteve resposta deficitária ao tratamento e introduziu-se terapia quimioterápica com Etoposide.
Após quatro meses, evoluiu com nova internação por neutropenia febril severa associado à insuficiência respiratória e instabilidade hemodinâmica. Apesar das medidas adotadas, o paciente não respondeu satisfatoriamente ao tratamento, evoluindo a óbito.
A SHF secundária é uma complicação de algumas condições, expressa por ativação imunitária patológica.
Sua etiologia é bastante variada, podendo ser causada por infecções virais, bacterianas ou fúngicas, fármacos, neoplasias ou transplantes. A taxa de mortalidade varia de 42%, quando associada à infecção, a 100% quando não associada.
Em relação ao diagnóstico, o padrão ouro é a identificação histológica de hemofagocitose, embora não seja detectada em cerca de 20% dos casos na primeira biópsia.
Ao constatar que o paciente possui critérios para diagnóstico de SHF, deve-se buscar a doença de base relacionada e tratá-la. Nos casos em que não houver possibilidade de detectar a causa, como no quadro do paciente descrito, deve-se fazer manejo empírico na tentativa de reverter à evolução da doença, que é rápida e agressiva.
Somente com melhor conhecimento e documentação de casos de SHF pode-se esperar por melhorias futuras em viés de prognóstico.
Síndrome Hemofagocítica Secundária, Alteração Hematológica, Hemofagocitose
Clínica Médica
Marina Ractz Bueno, Corine Amaro Menta, Camila Ractz, Simone Louise Savaris