Hepatite C crônica fatal em paciente jovem imunocompetente - Um relato de caso de monoinfecção.
A hepatite crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) acomete cerca de 185 milhões de pessoas no mundo. É comumente assintomática na fase aguda, logo, costuma ser descoberta já em fase crônica, por exames de rotina. Além do desenvolvimento de cirrose, apresenta acentuada morbimortalidade devido às suas descompensações e eventual evolução para o carcinoma hepatocelular, constituindo a causa mais frequente de transplante hepático.
Relatar um caso de hepatite C em paciente jovem, sem comorbidades, transplantado e que foi a óbito 5 anos após o diagnóstico.
Estudo descritivo, no qual foi relatado caso de paciente masculino, 39 anos, que procurou atendimento médico em decorrência de ascite e melena.
Paciente apresentava ascite moderada com alterações em exames laboratoriais: aumento de enzimas hepáticas, queda do tempo de protrombina, hipoalbuminemia e aumento de alfa-fetoproteína (AFP). A sorologia foi reagente para HCV, realizada genotipagem (genótipo 1) com RNA-HCV quantitativo de 309.000 UI/ml. Ultrassonografia de abdome revelou hepatoesplenomegalia; endoscopia digestiva alta evidenciou varizes esofágicas e gastropatia hipertensiva e a ressonância magnética revelou 3 nódulos hepáticos sugestivos de hepatocarcinoma. O paciente foi classificado como “Child B” e encaminhado para transplante hepático. Apresentou hiperglicemia e iniciou insulina. Vinte meses após o diagnóstico foi realizado transplante hepático e usou: micofenolato, tacrolimo, AAS e omeprazol. Oito meses após o transplante, apresentava plaquetopenia, elevação de enzimas hepáticas e RNA-HCV quantitativo de 3, 640.000 UI/ml. Quatorze meses depois apresentou perda de peso e diarreia crônica. Foi realizada colonoscopia e biópsia hepática, que evidenciaram processo inflamatório intestinal crônico e atividade necroinflamatória peri-portal e lobular, respectivamente. Três anos após o transplante, paciente apresentava 8 nódulos hepáticos e elevação de AFP. Cinco anos após o diagnóstico, o paciente veio a óbito.
O genótipo 1 do HCV é extremamente agressivo, apesar do paciente ser jovem e previamente hígido, de ter realizado transplante hepático e tratamento corretamente, veio a óbito num curto período de tempo. Salienta-se a importância da prevenção da hepatite C e da necessidade de campanhas para o rastreamento da doença, em busca de iniciar o tratamento precocemente, já que atualmente 86% dos casos notificados de hepatite C concentram-se nas regiões Sul e Sudeste.
Hepatite C, Transplante hepático, Hepatite C crônica
Clínica Médica
Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil
Carolina Perrone Marques, Carla Juliana Ribas, Pablo Sebastian Velho, Andréia Luiz, Adriel Barbi Braz