Quedas em idosos: um estudo de base populacional no Sul do Brasil
Introdução: Quedas em idosos são preocupantes devido as sequelas físicas, perda de autonomia e custos para o Sistema de Saúde Pública, principalmente se houver fraturas e necessidade de hospitalização. Percebe-se que a maior parte da literatura sobre o assunto baseou-se em estudos na população urbana de grandes cidades.
Objetivos: Avaliar a prevalência de quedas em idosos e possíveis fatores associados na população idosa urbana e rural do município de Arroio Trinta-SC.
Métodos: Estudo transversal de base populacional realizada em município de pequeno porte (3.500 habitantes) feito pela aplicação de questionário domiciliar a todos os idosos com 60 anos ou mais ali residentes. Os questionários foram codificados, duplamente digitados e comparados. Realizou-se análise bivariada buscando medir o nível de associação entre as variáveis independentes com o desfecho (presença de quedas). Para a comparação entre proporções foi utilizado o teste do qui-quadrado.
Resultados: Foram identificados 568 idosos, desses 552 participaram do estudo. Observou-se que 2/3 moravam na área urbana, a maior parte dos entrevistados (59,1%) tinha entre 60 e 69 anos, sendo 54,5% do sexo feminino e mais de 90% da amostra relatou cor de pele branca. Grande parte dos idosos (71,7%) era casada, cerca de 40% tinham 4 anos completos de escolaridade e aproximadamente 40% possuíam renda familiar entre 2 e 2.9 salários mínimos. Dos entrevistados, 8,3% eram tabagistas e 71% nunca usam bebida alcoólica. Dos respondentes, 28,4% haviam praticado alguma forma de atividade física nos 7 dias anteriores a entrevista e o uso de medicamento diário e o uso de óculos/lentes foi relatado por 78,3% e 72 %, respectivamente. O Índice de Massa Corporal ≥ 27 foi observado em 27,3% dos idosos. A prevalência de quedas foi de 28,3%, sendo que, a prevalência de três ou mais quedas (38,5%) foi ligeiramente superior a de uma única (35,9%), e o próprio lar (49,3%) o local de maior ocorrência. Em 13,5% das quedas ocorreram fraturas. O aumento da idade mostrou-se associada como fator de risco (p=0,04).
Conclusões: A prevalência encontrada, mesmo dentro dos padrões de estudos brasileiros, é elevada considerando que se trata de um desfecho evitável. A idade avançada foi a única variável associada ao desfecho nesse estudo. As quedas em idosos são multifatoriais e de complexa análise, portanto são necessários mais estudos para se definir os fatores associados, bem como, comparar as diferentes realidades brasileiras.
Idosos, Acidentes por Quedas, Estudo transversal, Fatores de risco.
Clínica Médica
Universidade Federal de Pelotas - Rio Grande do Sul - Brasil
Inês Gullich, Juraci Almeida Cesar, Davi Dorval Pereira Cordova