Paracoccidioidomicose pulmonar em uma paciente jovem residente em meio urbano – Relato de Caso
O Paracoccidioides braziliensis é um fungo encontrado no solo e em vegetais. A doença é adquirida pela via respiratória e acomete, geralmente, lavradores, é endêmica da zona rural e mais incidente em homens. O complexo primário de lesão frequentemente forma-se nos pulmões, sendo comum a disseminação linfo-hematogênica. O Diagnóstico se dá por pesquisa direta do fungo, escarro ou raspado da lesão, raio-X com infiltrado bilateral em ‘asa de morcego’. O tratamento de escolha é Itraconazol de 6-18 meses ou Sulfametoxazol-Trimetoprim como segunda escolha e Anfotericina B em casos graves.
Descrever o relato incomum de uma paciente jovem, residente na cidade, com paracoccidioidomicose pulmonar.
Utilizado prontuário hospitalar com devida aceitação da paciente e de acordo com os aspectos éticos da instituição responsável.
SP, 32 anos, do lar, refere quadro de dispnéia aos médios esforços há 60 dias que evoluiu, há 14 dias, aos mínimos esforços e vieram associados à tosse seca, sem predomínio em período do dia e eventuais quadros de dores torácicas, nega episódios de febre, sudorese noturna ou perda de peso. Tabagista 26 maços-ano. Nega comorbidades e história familiar de neoplasia. Exame físico: lúcida, ativa, hidratada e normocorada; pulmão: esforço respiratório com tiragem de fúrcula, ausculta com estertores crepitantes em todo o tórax com predomínio em terços inferiores e raros sibilos, FR: 22irpm, SatO2: 90%, FC: 88bpm. Exame cardiovascular e abdominal normais. Laboratório: leucocitose de 10.700 sem desvio a esquerda e VHS: 80mm/h, demais exames normais. Raios-X de tórax com padrão nodular e infiltrado difuso bilateral (imagem 1), TC de tórax evidenciando nódulos irregulares esparsos pelo parênquima, opacidades em vidro fosco mais em terços médios e espessamento de septos interlobulares. Micológico do escarro: Paracoccidioides braziliensis. A terapia de escolha foi Sulfametoxazol-Trimetoprim oral, 800/160mg, 2x/dia por 12 meses. Ao final do tratamento a paciente encontra-se bem, sem sinais clínicos e radiológicos.
A paracoccidioidomicose pulmonar é uma afecção pulmonar relativamente rara quando comparada as doenças pulmonares mais prevalentes. Uma boa abordagem clínica com auxílio de exames complementares nos permite o diagnóstico de modo que o tratamento seja adequado para que se evite complicações relativas à doença como disseminação para outros órgãos. Relatamos o caso incomum de uma jovem com paracoccidioidomicose pulmonar sem historia de contato com o campo.
Paracoccidioidomicose; Vidro fosco; Itraconazol.
Clínica Médica
Faculdade Assis Gurgacz - Paraná - Brasil
Alex Júnior Schafer, Rodolfo Girelli Neto, Jorge Manuel Rodrigues Oliveira Filho, Robson Silva Boeira, Luis Alberto Peres