Relato de caso de paciente com Miocardiopatia Peripartum
A Miocardiopatia peripartum (MCPP), também conhecida como cardiomiopatia associada a gestação é uma causa rara de falência cardíaca que afeta mulheres do final da gestação ao início do puerpério Os critérios diagnósticos estabelecidos em 2010 pelo Working Group on Peripartum Cardiology da Sociedade Européia de Cardiologia são: desenvolvimento da falência cardíaca (FC) do final da gestação até os meses seguintes ao parto; ausência de outra causa identificável de FC e disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (VE) com fração de ejeção (FE) menor do que 45%. A etiologia permanece desconhecida e pode ser multifatorial. Os fatores de risco são: idade maior do que 30 anos; descendência africana; gestação com múltiplos fetos; história de pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou hipertensão pós-parto; uso materno de cocaína e uso prolongado de terapia tocolítica (maior do que 4 semanas) com agonistas beta adrenérgicos como a terbutalina.
O objetivo desse estudo é discutir um caso dessa síndrome, revisando seus aspectos epidemiológicos, fisiopatológicos, clínicos e terapêuticos.
Estudo descritivo, observacional, qualitativo do tipo relato de caso.
RMRS, 43 anos, previamente hígida, iniciou no 5° mês de gestação com edema de membros inferiores e cansaço aos médios esforços evoluindo com piora progressiva. No 37° dia pós parto foi internada na Unidade de Terapia Intensiva durante 5 dias devido a insuficiência cardíaca (IC) descompensada. O ecocardiograma transtorácico (ECOTT) demonstrou hipocontratilidade e dilatações moderadas de VE e átrio esquerdo; discreta regurgitação secundária em valva mitral; derrame pericárdico difuso discreto e FE: 34%. Foi feito o diagnóstico de miocardiopatia peripartum e instituído terapêutica otimizada para IC, após 2 meses, novo ECOTT evidenciou ausência de derrame pericárdico, manutenção da discreta regurgitação da valva mitral e da hipocinesia difusa de VE, e melhora da FE:58%. A evolução clínica demonstra um caso típico da literatura sobre esta síndrome.
A taxa de mortalidade é cerca de 10% em 2 anos. Há pacientes com recuperação total da função cardíaca, em geral nos primeiros 6 meses do diagnóstico, porém outras evoluem para o transplante cardíaco (1 a 2% por ano). Além disso, a MCPP está associada a significativa morbidade extra cardíaca incluindo injúria cerebral, sendo necessária seu reconhecimento e pronto início do tratamento, além da orientação quanto ao risco de recorrência em gestações subsequentes.
Miocardiopatia peripartum, falência cardíaca puerperal
Clínica Médica
Ludimila de Assis Moreira, Glaydson Jeronimo da Silva, Camilla Louise Vaz Mendes Rezende, Keula Adriana Lacerda de Souza, Nelly Kim Oliveira Sousa Moura