Insuficiência Renal Aguda pós Imunoglobulina Humana Endovenosa em paciente com Síndrome de Guillain-Barre: um novo caso em sua raridade de exemplares
A Insuficiência Renal Aguda (IRA) após administração de Imunoglobulina Humana Endovenosa (IGEV) é rara, com cerca de 150 casos descritos na literatura. A maioria está associada ao excipiente utilizado, em especial à sacarose, e à velocidade de infusão, com disfunção tubular. Durante internação hospitalar em enfermaria de clínica médica, paciente foi diagnosticado com síndrome de Guillain-Barre com indicação de imunoterapia, evoluindo com injúria renal após tal tratamento.
Relatar um novo caso de IRA após infusão de IGEV, podendo ser útil na compreensão de mecanismos envolvidos e seu desfecho.
Foi realizado relato de caso, com revisão da literatura.
Paciente admitido para investigação de poliradiculoneuropatia com diagnóstico de Guillain-Barre, segundo critérios de Brighton. Evoluiu com elevação das escórias renais, atingindo valores dez vezes acima dos admissionais no quarto dia após término da infusão de IGEV (Flebogamma®, Grifols), que ocorreu por cinco dias consecutivos, na dose de 0,4g/Kg/dia. Em revisão sistemática de prontuário não foi encontrada outra causa aparente para tal disfunção. O excipiente da IGEV administrada era sorbitol, com poucas descrições de efeitos adversos. Avaliado pela nefrologia que manteve conduta conservadora, com posterior recuperação da função renal, retornando a níveis basais, sem necessidade de terapia de substituição renal, sendo compatível com o observado nos demais casos descritos na literatura.
A ocorrência de IRA em condições onde é utilizada IGEV é certamente muito baixa. A incidência de efeitos adversos gerais varia de 5 a 15%, sendo a disfunção renal um dos menos observados, sem números conhecidos até o momento. Acredita-se que o responsável por tal injúria seja seu excipiente, em especial, a sacarose. É um tema de relevância para relato uma vez que a IGEV é utilizada em uma série de situações e especialidades médicas, com mecanismos responsáveis pela IRA, após sua administração, ainda pouco esclarecidos. Com esta e futuras notificações acreditamos que será possível a formação de um corpo de evidência científica maior e mais completo, com melhor compreensão e manejo desses casos.
Insuficiência renal aguda; Imunoglobulina Humana endovenosa; Síndrome de Guillain-Barre.
Clínica Médica
Complexo Hospitalar Ouro Verde - São Paulo - Brasil
Bruna Cristina Marabita Tavares de Oliveira, Maria Isabel Nunes Rêgo, Fabiula Carvalho Corrêa, Felipe Henrique Leal Silva