Impacto do déficit calórico-proteico sobre tempo de internação e a mortalidade em pacientes críticos.
Pacientes críticos apresentam uma necessidade nutricional diferenciada. Recentes estudos vêm demonstrando que a oferta nutricional total, de acordo com a necessidade do paciente crítico, está relacionada com melhora clínica destes.
Investigar a influência do déficit calórico e proteico (DCP) na mortalidade e no tempo de internação em pacientes críticos em uso de terapia nutricional (TN).
Estudo analítico de seguimento com dados contínuos, tipo coorte, avaliando 100 pacientes adultos de ambos os sexos, com idades entre 18 a 94 anos, internados em unidade de terapia intensiva (UTI) para tratamento clínico ou cirúrgico, por um período de 30 dias. O recrutamento foi feito de acordo com a internação e preenchimento de critérios de inclusão. Calculou-se o déficit calórico (crítico: superior a 480 kcal; não crítico: inferior a 480 kcal) e o déficit proteico (crítico: superior a 20g; não crítico: inferior a 20g) a partir da quantidade da dieta prescrita e recebida. Os valores encontrados foram correlacionados com o tempo de internação e mortalidade. Variáveis de confusão tais como idade, escore APACHE e número de órgãos falhos na admissão foram analisados estatisticamente.
A taxa de mortalidade foi de 33%. Observou-se um total de 1772 dias de evolução e encontrou-se que em 13,6% dos dias não houve algum aporte calórico ou proteico para o paciente. Os pacientes receberam 65,4% de suas necessidades em termos calóricos e 67,7% de proteína. Em 72% dos casos houve déficit calórico crítico e em 70%, déficit proteico crítico e isso foi associado a gravidade e ao grau de desnutrição. Houve uma correlação significativa entre tempo de internação e déficits acumulados de calorias (R=0,37; p<0.001) e de proteínas (R=0.28; p<0.001). A sobrevida foi maior nos pacientes com déficit calórico não critico (p < 0,001) e com déficit proteico não crítico (p = 0,002). A análise multivariada mostrou que déficit proteico crítico teve associação com mortalidade no período.
A incidência de déficit calórico e proteico na UTI é alta e se relaciona com a mortalidade. Os pacientes mais graves e desnutridos têm maior chance de apresentarem déficit proteico. Déficit proteico é fator independente de mortalidade em doentes críticos.
Paciente crítico, Nutrição Enteral, Nutrição Parenteral, Déficit calórico, mortalidade
Clínica Médica
Centro Universitário de Várzea Grande - Mato Grosso - Brasil, Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil
Clovis Fagundes Botelho, Gabrieli Melissa Oissa, Mickaelson Nogueira, Márcia Carolina Siqueira Paese, José Eduardo Aguilar-Nascimento