Torção Anexial - Relato de caso
A torção anexial representa apenas 3% dos procedimentos cirúrgicos em ginecologia e obstetrícia. Geralmente, o quadro clínico dessa entidade compreende intensa dor abdominal, associada ou não à febre, acompanhada de náuseas e vômitos. Raramente seu diagnóstico é feito precocemente, sendo de grande valia a suspeição clínica, seguida de confirmação diagnóstica através da ultrassonografia abdominal, sendo que o tratamento, atualmente, consiste na distorção dos anexos via laparoscopia, de modo a manter a viabilidade do ovário, na ausência de complicações.
Relatar um caso clínico de uma paciente jovem, diagnosticada com torção anexial, complicada por abdome agudo, conduzida ao tratamento cirúrgico, de modo a contribuir com o conhecimento acerca dessa patologia.
Trata-se de uma pesquisa aplicada, qualitativa e descritiva realizada de maneira longitudinal, através da coleta de dados com análise do prontuário do paciente, em um serviço de Ginecologia e Obstetricia em Cascavel/PR.
Paciente do sexo feminino, 16 anos, com queixa de dores em região pélvica, com início nas últimas horas, acompanhado de episódios de náuseas e vômitos. Ao exame físico, apresentava-se em bom estado geral, afebril, com abdome doloroso à palpação, sinais de irritação peritoneal e ruídos hidroaéreos presentes. Ao toque retal, apresentava dor significativa à mobilização do colo uterino, com presença de massa palpável em região retrouterina, também dolorosa. Os exames laboratoriais não apresentaram alterações significativas. A ultrassonografia demonstrou lesões pélvicas de natureza ovariana. A ressonância nuclear magnética evidenciou torção de ovário direito, com sinais de sofrimento vascular, sendo a paciente encaminhada ao centro cirúrgico e submetida à laparotomia com anexectomia direita. Após 11 dias de pós-operatório, a paciente encontrava-se assintomática e os resultados dos exames laboratoriais demostraram estado menopausal.
Apesar de raro, o diagnóstico de torção anexial deve ser sempre lembrado dentre os diagnósticos diferenciais de dor pélvica, uma vez que, quando protelado, o reconhecimento tardio pode acarretar no comprometimento do futuro reprodutivo da mulher, como no caso exposto. Logo, a suspeição clínica, seguida de ultrassonografia abdominal e ressonância nuclear magnética são extremamente úteis à conduta terapêutica, sendo a resolução cirúrgica sumamente importante.
Torção anexial; Laparotomia; Anexectomia
Clínica Médica
FAG - Paraná - Brasil
LUCAS RAISER CRUZ, MARCELO PONTUAL CARDOSO, KARINA CORREA EBRAHIM, KARIN FERNANDA FRANCK, JULIA BARAZETTI FERRARI ALVES