Análise e comparação da demanda de medicamentos psicotrópicos da cidade de Fernandópolis/SP em relação a outros medicamentos usualmente prescritos
Com a descoberta dos psicofármacos na década de 50, a psiquiatria modificou suas práticas e deixou de estar voltada exclusivamente ao tratamento da loucura para dedicar-se a medicar qualquer manifestação de sofrimento psíquico, chegando mesmo a recomendar a medicação de pessoas reconhecidamente portadoras de perfeita saúde mental. Na atual conjuntura o aumento da demanda e exploração comercial dos psicofármacos modernos faz o tratamento com esses medicamentos deixar de ser exclusivamente da ala psiquiátrica da medicina e passar a estar presente nos ambulatórios clínicos e cirúrgicos de várias outras especialidades, tanto sendo prescritos pelos profissionais, por livre vontade, quanto solicitados pelos próprios pacientes que os usam continuamente. O tratamento visa nesses casos medicar qualquer manifestação de sofrimento psíquico relatado ou investigado. Por esse prisma os psicofármacos instituíram-se como o recurso terapêutico mais utilizado para tratar qualquer mal-estar das pessoas.
Analisar e comparar a demanda de medicamentos psicotrópicos da cidade de Fernandópolis/ SP em relação a outros 20 medicamentos usualmente prescritos, no período de 01/01/2014 á 15/08/2015.
Pesquisa descritiva a partir de um levantamento dos medicamentos mais retirados pelos pacientes do SUS na farmácia municipal. Usou-se também como base de dados LILACS e Scielo que serviram como complemento às informações sobre o assunto, com o descritor: psicofármacos.
Na análise observou que 30% dos 20 fármacos mais retirados são psicotrópicos, e um aumento de 83,5% no consumo de 2013 para 2014. Dentre os identificados: anti-hipertensivos: 4.792.455 unidades (44,3%) com 7 medicamentos; psicofármacos: 3.244.465 unidades (30%) com 7 medicamentos; hipoglicemiantes orais: 676.900 unidades (6,2%) com 2 medicamentos; outros: 2.088.352 (19,3%) com 9 medicamentos.
Há uma alta prevalência dos psicofármacos na rede pública de saúde, que tende a aumentar. Reflexo de indicação médica sem critério, aumento da demanda/distribuição do SUS, incentivo da indústria farmacêutica, gastos onerosos para o sistema governamental e má orientação do paciente. Na decisão de se usar um psicofármaco, é preciso ponderar se a relação risco-benefício da droga justifica seu emprego e se outros recursos foram devidamente explorados.
Psicofármacos, saúde pública, indústria farmacêutica, medicamentos
Clínica Médica
Universidade Camilo Castelo Branco - São Paulo - Brasil
Ana Carolina Silva, Lilian Maria de Godoy Soares, Felipe Depieri Castelani, Flávia Oliveira Dib, Clerson Rodrigues Manaia