PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA BILATERAL POR ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO EM PACIENTE COM NEUROSSÍFILIS: RELATO DE CASO
A neurossífilis é a infecção polimórfica do sistema nervoso central (SNC), causada pelo Treponema pallidum. Na forma meningovascular, observa-se inflamação das artérias com a produção de fibrose, que pode levar a estenose e oclusão destas. Relatamos caso de paciente com paralisia facial periférica bilateral decorrente de acidente vascular em tronco encefálico e que, durante a investigação etiológica, diagnosticou-se neurossífilis e a confirmação da infecção pelo HIV.
Descrever um relato de caso de paciente com diagnóstico de neurossífilis, na forma meningovascular, e co-infecção pelo HIV.
Análise de prontuário de paciente atendido no Hospital Universitário Regional de Maringá.
Paciente A.M.S., masculino, 51 anos, mulato, divorciado, mora sozinho, escolaridade em nível básico, admitido no dia 19/07/2015 em serviço de pronto atendimento com quadro de cefaléia intensa de início súbito, hipertensão arterial, disartria e dificuldade para realizar movimentos faciais. Ao exame físico apresentava-se consciente, com pupilas isofotorreagentes e paralisia facial periférica bilateral. A ressonância nuclear magnética de crânio evidenciou focos de isquemia recente em regiões do tronco encefálico. Na investigação diagnóstica foram excluídas causas trombofílicas e autoimunes. Sobre as causas infecciosas encontramos: VDRL sérico reagente (1:512) e teste rápido para HIV positivo. Na análise de líquor: pleocitose (leucócitos 167/mm³) com predomínio de linhagem mononuclear (91%), proteinorraquia (152mg/dL) e VDRL reagente (1:4). Estabelecido o diagnóstico de neurossífilis foi iniciada antibioticoterapia endovenosa com penicilina cristalina durante 14 dias. Paciente evoluiu com melhora da cefaléia, disartria e recuperação progressiva da motricidade facial. Recebeu alta hospitalar com encaminhamento para serviço de infectologia e reabilitação motora.
A apresentação clínica da neurossífilis – meningovascular, com acometimento do sétimo par craniano e paralisia facial periférica bilateral – representa uma consequência grave e rara da doença. A comorbidade entre infecção pelo HIV e sífilis é famigerada e leva a manifestações sifilíticas menos usuais, com acometimento mais precoce e severo do SNC. A neurossífilis deve ser lembrada como diagnóstico diferencial em paciente jovem com sintomas focais, principalmente na conjuntura atual, de reemergência da doença, devido à co-infecção pelo HIV.
tronco encefálico; neurossífilis; meningovascular; paralisia facial bilateral
Clínica Médica
Hospital Universitário Regional de Maringá - Paraná - Brasil
Ubirajara Cunha Aguiar, Aline Letícia Kozak, Letícia Pastorelli Bonjorno, Lygia Queiroz Esper, Cesar Helbel