Meningite por Criptococcus gatti em paciente imunocompetente: relato de caso
As meningites virais e bacterianas são as mais comuns e altamente letais quando não tratadas adequadamente, entretanto as meningites fúngicas aparecem como diagnósticos diferencias que requerem outras formas de tratamento. A criptococose é uma micose sistêmica causada por duas espécies, o Cryptococcus neoformans, que tem distribuição mundial, é sapróbio do solo e está presente em localidades contaminadas por fezes de pombos, que geralmente acomete indivíduos imunocompetentes e Cryptococcus gattii, sendo este causador de meningite criptococcica em indivíduos comprometidos imunologicamente. A apresentação clínica mais frequente é a meningoencefalite, onde o tempo de aparecimento dos sintomas até ao diagnóstico varia entre dias e meses, tendo como quadro clínico caracterizado por cefaleias de moderada intensidade, que vão sendo cada vez mais incapacitantes, febre e raramente alteração do estado mental. Frequentemente os sinais clássicos de irritação meníngea como rigidez da nuca, vomitos ou fotofobia estão ausentes ao exame objetivo e as análises laboratoriais de rotina não revelam alterações significativas.
Relatar o caso clínico de uma paciente imunocompetente, que foi acometida por meningite criptococcica tipo Gattii, sendo que este patógeno é mais prevalente em indivíduos com perfil imunológico comprometido.
Esse trabalho teve como base o relato de caso de uma paciente que iniciou com quadro de cefaléia associado a vômitos, fotofobia, dor retrocular, rigidez de nuca e outros comemorativos compatíveis com meningite. Em princípio a terapia foi voltada a etiopatogenia viral baseado no resultado da pesquisa do Líquor Céfalo Raquidiano (LCR) e após avaliação da infectologista alterou para bacteriana. Ainda sob regime de internamento foi diagnosticado meningite por criptococcus gatti através da cultura proveniente de laboratório de referência.
Após o último resultado da cultura e exame micológico do LCR foi iniciado Anfotericina B endovenosa 50 mg/dia, por 21 dias, com melhora do quadro de cefaleia e rigidez. Seguiu em alta hospitalar com fluconazol 400 mg/dia por 8 semanas e acompanhamento ambulatorial com infectologista.
A meningite na presença de sinais e sintomas não conclusivos norteia o médico a adoção terapêutica não precisa no início da doença, havendo a necessidade de exames como análise de LCR, com culturas específicas. Visto que esse caso foi concluído com êxito após a elucidação do agente causal diagnosticado em laboratório de ensino e pesquisa.
meningite criptococcica, imunocompetente, meningoencefalite
Clínica Médica
Eguimar Roberto Martins, Elaine Silverio Oliveira, Ana Paula Zanatta, Ana Medeiros Gurgel