Infecção e Doença Arterial Coronária. Mito ou Realidade ?
O Citomegalovirus (CMV) é um dos vírus implicados na indução de lesão endotelial e que tem altas taxas de prevalência nas populações humanas. Evidências científicas atuais confirmam estudos anteriores sobre a replicação do CMV nas placas ateroscleróticas das artérias coronárias, mostrando uma maior prevalência de Síndromes Coronárias Agudas (SCA) nas placas CMV-infectadas.
avaliar aspectos laboratoriais, ECG, angiografia coronária e soroprevalência para CMV em pacientes acometidos por SCA.
No período janeiro 2012 a janeiro de 2015, realizamos estudo quantitativo, observacional e prospectivo. A amostra foi de conveniência, tendo sido selecionados aleatoriamente 226 pacientes, independente de sexo e idade que deram entrada na urgência cardiológica do Hospital de Clínicas Gaspar Viana, Belém/PA, com quadro clínico, ECG e enzimas de necrose compatíveis com SCA. Todos pacientes e informações obtidas foram registrados em protocolo padrão. Submetidos a tratamento clínico otimizado, exames laboratoriais de rotina, sorologias para CMV, ECG, RX, ecodoplercardiograma, cineangiocoronariografia e angioplastia com implante de stent intracoronário ou Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Os testes estatísticos foram executados com o auxílio do software BioEstat 5.4, e resultados com p ≤ 0.05 foram considerados significativos.
dos 226 pacientes estudados, 220 (97%; IC 95%: 95.2-99.4) apresentaram grau de obstrução coronária superior a 70% (p<0.0001) e em 158 (70%; IC 95%: 63.9-75.9) pacientes a obstrução era multiarterial (p<0,0001), houve associação significativa entre grau de obstrução coronária superior a 70% e obstrução multiarterial. Quanto a sorologia para anticorpos anti-CMV (valor padrão:1,1), a maioria dos pacientes (170: 75%) apresentaram soros com títulos de anticorpos até 11,1. 55 (24%) pacientes com níveis acima de 10 vezes o valor padrão, e apenas 1 foi não reagente (p< 0.0001). É de se ressaltar que a soropositividade em nossa amostra populacional foi de 99%, uma das mais altas já descritas pela literatura.
CMV apresenta grande capacidade de latência, podendo ser reativado em situações de imunossupressão. Logo, uma hipótese atraente é que a alta soroprevalência associada a novas replicações virais, poderia estar contribuindo para desestabilização de placas de ateroma e contribuindo como fator de risco adicional para evento coronariano agudo em nossa amostra populacional.
infecção, citomegalovírus, aterosclerose, síndrome coronária aguda
Clínica Médica
Hospital de Clínicas Gaspar Viana - Pará - Brasil, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil
MOACYR MAGNO PALMEIRA, MARIA CONCEIÇÃO PINHEIRO, IVONE SILVA RODRIGUES, JAQUES SILVA NEVES, KLEBER PONZI PEREIRA