ABCESSO DE MÚSCULO ÍLEOPSOAS PRIMÁRIO, SEM RELAÇÃO COM TRAUMA OU IMUNOSSUPRESSÃO: RELATO DE CASO
O abcesso do músculo ileopsoas é uma condição rara e subdiagnosticada na prática clínica. Pode ser classificado em primário ou secundário. O primário ocorre por disseminação hematogênica ou linfática, acomete principalmente crianças e pacientes com algum grau de imunossupressão (HIV, diabetes, renais crônicos), sendo o trauma muscular também um fator de risco. Já o secundário é mais comum e decorre de processos inflamatórios intra-abdominais. O diagnóstico é clínico, apesar das manifestações inespecíficas e do exame físico dificultado pela anatomia profunda do músculo. A tomografia computadorizada é o exame de escolha para confirmação e o tratamento inclui a drenagem do abcesso, seguida por antibioticoterapia com cobertura para Staphylococcus aureus, o principal agente etiológico.
Relatar caso de abcesso do músculo ileopsoas em adolescente sem qualquer evidência de imunossupressão, traumas ou doenças associadas.
Revisão de prontuário.
P.L.F.B., 14 anos, sexo masculino, hígido, admitido com quadro de dor em quadril à esquerda e febre alta há 15 dias, levando a posição antálgica de membro inferior esquerdo (rotação externa e flexão de joelho), sem história de trauma ou lesões cutâneas prévias. Deu entrada em sepse grave, com suspeita de abdome agudo inflamatório, sendo submetido à laparotomia exploradora, não diagnóstica. No pós-operatório paciente mantinha febre, taquidispnéia, astenia e dor articular. Solicitada avaliação da ortopedia por suspeita de abcesso do músculo ileopsoas esquerdo, sendo submetido a drenagem cirúrgica com saída de moderada quantidade de material purulento, sem intercorrências, e ampliada antibioticoterapia para cobertura de germes Gram positivos. Não houve crescimento bacteriano nas culturas realizadas. Durante a internação foram descartadas causas de imunossupressão, tais como diabetes, HIV, doenças auto-imunes e insuficiência renal crônica. Paciente evoluiu com melhora clínico-laboratorial, recebendo alta hospitalar assintomático.
Apesar de entidade rara, a psoíte deve ser sempre um diagnóstico lembrado nas afecções abdominais e queixas relacionadas à articulação do quadril, após descartados diagnósticos diferenciais, mesmo sem qualquer relato de traumatismos ou comorbidades.
Abcesso músculo íleopsoas; psoíte; primário
Clínica Médica
Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo - São Paulo - Brasil
Ana Gabriela Souza Caldas, Josiele Aparecida Souza, José Eduardo Gomes Vasconcellos, Daniella Rezende Duarte Maksymczuk