ADENOCARCINOMA EM UM PACIENTE COM HANSENÍASE VIRCHOWIANA: RELATO DE CASO
Endêmica no Brasil, a hanseníase é uma infecção crônica granulomatosa que compromete principalmente pele e mucosas, com lesões hiper ou hipocrômicas, bem como sistema nervoso periférico. Em 2010, o Brasil apresentou 1,56 casos para cada 10.000 habitantes e detectou 34.894 casos novos de hanseníase. Na classificação de Madri, a han¬seníase é dividida em dois polos estáveis e opostos (virchowiano e tuberculoide), e dois grupos instáveis (indeterminado e di¬morfo). Há relatos de aumento na incidência de neoplasias malignas em pacientes hansenianos em relação à população geral, cujo forma predominante foi a hanseníase virchowiana (HV), que coincidentemente é a forma de maior imunossupressão.
Relatar o surgimento de adenocarcinoma em um paciente com HV, buscando co-relação.
Estudo quantitativo, descritivo, retrospectivo, em formato de Relato de caso, com instrumento documental de prontuário de Unidade Básica de Saúde em Cacoal-RO.
Paciente masculino, 67 anos, casado, lavrador, tabagista, reside no munícipio de Cacoal-RO, em tratamento com prednisona e poliquimioterapia multibacilar para HV pela segunda vez, o primeiro tratamento ocorreu há mais de 10 anos. Apresenta uma lesão ulcerada em região nasal, desde 2008, alegando que a mesma piorou após o inicio do tratamento para hanseníase. Ao exame físico: fácies leonina, infiltrada, espessamento e dor em nervos ulnar, mediano e radial. Úlcera em região nasal esquerda de caráter infiltrativo com borda irregular, exudativa, presença de tecido de granulação, de aproximadamente 4 cm no maior diâmetro, com destruição da asa nasal esquerda. O raspado dérmico registrou um índice baciloscópico de 5,5 e o anatomopatológico da lesão nasal, identificou células com característica de adenocarcinoma.
Devido à baixa eficácia do tratamento proposto para hanseníase e piora da úlcera, foi iniciado o desmame da prednisona e posterior tratamento com talidomida. Solicitado imunohistoquímico da biópsia da úlcera para posterior conduta. Na literatura não se encontram muitas referências sobre associação das doenças neoplásicas com a hanseníase, porém é comum na prática clínica evidenciar esta concomitância. Faz-se necessário a realização de um estudo para esclarecer se o surgimento da neoplasia é devido ao tratamento imunossupressor, evolução da doença de base ou um acaso apenas.
Adenocarcinoma, Hanseníase
Clínica Médica
Faculdade de Ciências Biomédicas de Cacoal - FACIMED - Rondônia - Brasil
Antonio Marcos Ferreira Andrade, Roberta Nascimento Andrade, Lethicia Domingos Paulo, Hozanna Brasil, Sandra Maira Veloso Marques