HEPATOTOXICIDADE POR ALBENDAZOL
INTRODUÇÃO: O diagnóstico de hepatite aguda é confirmado por níveis séricos elevados de aminotransferases. A atividade pode ser 100 vezes o normal e nenhum outro teste bioquímico demonstrou ser melhor. Diferentes etiologias têm apresentação clínica semelhante, como as hepatites por vírus hepatotrópicos, lesão hepática induzida por droga e hepatite autoimune.
OBJETIVOS: Relatar caso de hepatite aguda por Albendazol e alertar sobre este efeito adverso pouco descrito na literatura.
DELINEAMENTO E MÉTODOS: Trata-se de relato de caso com coleta retrospectiva de dados em prontuário.
RELATO DO CASO: Mulher de 36 anos refere “problema no fígado”. Há 3 semanas iniciou com febre de 38ºC, mialgia e odinofagia. Evoluiu com colúria, astenia e náuseas. Refere ter utilizado Albendazol antes do início do quadro e que faz uso anual da medicação sempre no verão. História de insônia e quadros recorrentes de diarreia, febre, mal estar, mialgia e icterícia durante 3 anos consecutivos entre os meses de Novembro e Janeiro. Pai hipertenso. Nega tabagismo, etilismo, transfusões sanguíneas, uso de drogas ilícitas. Ao exame físico apresentava-se anictérica, sem estigmas de hepatopatia, flapping ausente. Os exames laboratoriais revelaram Hb: 12,8 g/dL Ht: 38,7% Leucócitos: 4830/mm3 segmentados: 52% Plaquetas: 180.000/mm3 AST:1304 U/L ALT: 2220 U/L FA: 158 U/L GGT: 123 U/L BT: 5,89 mg/dL BD: 3,89 mg/dL RNI: 1,25 AP: 71% Anti-HCV: negativo Anti-HAV IgG e IgM negativos HBsAg negativo Anti-HBc IgM e IgG negativos Anti-HIV negativo Anti-músculo liso < 1/20 FAN: negativo Anti-LKM1: negativo AMA: <1/20 Ceruloplasmina: 27,7 mg/dL Ferritina: 145 µg/L Saturação da transferrina: 49%. Biópsia hepática: alterações reativas mínimas e inespecíficas. Após suspensão da medicação evoluiu com melhora gradual e normalização laboratorial.
CONCLUSÕES: Excluídas outras causas a hipótese mais provável para o caso é hepatite medicamentosa por Albendazol. Embora aumento transitório das transaminases seja um efeito adverso comum ( >10% dos casos), a prevalência de hepatite por esta droga é <1%. Dado seu uso frequente, é de suma importância que o seu potencial tóxico seja divulgado a fim de viabilizar o diagnóstico precoce e imediata suspensão da droga.
hepatite, aguda, droga, albendazol, transaminases
Clínica Médica
Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil
Karoline Kuhnen Fonseca, Maria Beatriz Cacese Shiozawa, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso Schiavon