HIPOTERMIA NEUROPROTETORA TARDIA
A PCR é um evento de alta mortalidade. A isquemia cerebral difusa relacionada ao hipofluxo cerebral freqüentemente leva à injúria neurológica grave e ao desenvolvimento de estado vegetativo persistente. A hipotermia terapêutica representa um importante avanço no tratamento da encefalopatia anóxica pós-PCR. Seus efeitos neuroprotetores têm sido amplamente demonstrados em várias situações de isquemia neuronal. Apesar de ser um procedimento associado com redução de mortalidade nesses pacientes, a hipotermia ainda é um tratamento subutilizado no manejo da síndrome pós-ressuscitação.
Demonstrar que a hipotermia neuroprotetora tem efeito benéfico mesmo realizada tardiamente em pacientes comprovadamente encefalopatas como consequência de baixo fluxo cerebral devido à PCR e que mantém um nível neurológico baixo – Glasgow abaixo de 8, onde o ganho para o paciente foi maior que os prováveis riscos que a hipotermia poderia ocasionar.
Estudo descritivo com abordagem retrospectiva, baseado nos dados obtidos no prontuário médico. A análise dos dados foi realizada mediante as respostas clínicas favoráveis apresentadas pelo paciente após o tratamento
Paciente do sexo masculino, 25 anos, internado por quatro (4) dias (27/07/2013 à 31/072013) história de mal súbito enquanto praticava futebol. Deu entrada em outro serviço em PCR por TV. Realizado manobras de reanimação com cardioversão elétrica e massagem cardíaca e não há relato do tempo de PCR. Chegou na UTI em Glasgow 6T. A primeira Tomografia de crânio evidenciou quadro compatível com encefalopatia isquêmica.
No dia 02/08/2013 foi feito Hipotermia Neuroprotetora na tentativa de diminuir o edema cerebral e as manifestações isquêmicas, para o qual o paciente foi resfriado até 34ºC e mantido assim por 24 horas, permaneceu intubado por mais cinco dias e foi extubado com sucesso em Glasgow 10 foi de alta hospitalar 363 dias após o ingresso em Glasgow 14
Nossa decisão de induzir hipotermia neuroprotetora tardiamente neste paciente foi movida principalmente pela juventude do mesmo e o fato de saber que ele estava neurologicamente muito deteriorado e a pouca bibliografia que contra-indica o procedimento neste tipo de paciente. Devido à internação hospitalar prolongada nós conseguimos vivenciar a evolução favorável deste paciente, situação que achamos que se deve principalmente ao fato de termos interrompido as lesões neurodegenerativas ocasionadas pelo baixo fluxo cerebral consequente à parada cardiorrespiratória.
Parada cardiorrespiratória, hipotermia neuroprotetora
Clínica Médica
Silvia Monica Cardenas Prado, Alexandre Cristo, Sérgio Hitoshi Tajima, Alberto Ocampo