ANÁLISE DE URGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA ATENDIDAS COM O SUPORTE DE UM SERVIÇO DE TELECARDIOLOGIA
As doenças cardiovasculares são a principal causa de óbitos no Brasil e no mundo. O eletrocardiograma (ECG) é um exame indispensável no diagnóstico e manejo precoce de urgências cardiovasculares, portanto fundamental para a boa evolução do paciente.
Analisar o perfil dos pacientes assistidos por um serviço de telemedicina nos casos de urgência cardiológica. Avaliar os desfechos dos casos.
Trata-se de estudo observacional, retrospectivo, quantitativo, que avaliou todos os ECGs enviados de 16 de março a 3 de junho de 2015 a um serviço público de telecardiologia com indicação de contato imediato ao município de origem devido à urgência do quadro. Este serviço atende a Atenção Primária de 720 municípios no estado de Minas Gerais. O ECG é realizado no município, transferido para a central de laudos via internet com solicitação de prioridade “urgente” ou “normal”, e laudado por um cardiologista do serviço. Foi realizado contato telefônico com os municípios para obter informações demográficas, comorbidades, uso de medicamentos e desfecho clínico.
No período do estudo, foram detectadas 103 urgências cardiológicas. Dessa população, 55,3% são homens. As comorbidades relatadas mais prevalentes foram: hipertensão arterial (71,7%), diabetes mellitus (20,7%) e dislipidemia (13,0%). Os medicamentos relatados mais prevalentes foram: diuréticos (45,9%), inibidores de enzima conversora de angiotensina ou bloqueadores de receptores de angiotensina II (41,9%) e betabloqueadores (31,1%). O solicitante encaminhou o ECG como “urgente” em 71,8% dos exames, enquanto o restante foi enviado como “eletivo”. Em 13,6% dos casos o serviço de telemedicina não conseguiu obter contato imediato com a unidade solicitante. Os diagnósticos de urgência mais prevalentes foram: alterações sugestivas de isquemia aguda (38,8%), fibrilação ou flutter atrial de alta resposta ventricular (26,2%) e bloqueio atrioventricular total (12,6%). Os desfechos mais prevalentes entre os pacientes foram: transferência para outra unidade de maior complexidade (81,6%), internação (22,3%) e encaminhamento para cardiologista em regime eletivo após atendimento inicial (15,5%). Um total de 12,6% dos pacientes foi a óbito.
Este estudo demonstra possíveis dificuldades no reconhecimento de quadros urgentes por parte dos profissionais de municípios assistidos, e reflete a importância do serviço de telecardiologia no auxílio ao diagnóstico e conduta imediatos em urgências cardiológicas nas unidades assistidas.
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Clínica Médica
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais; Rede de Teleassistência de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
Thales Matheus Mendonça Santos, Diomildo Ferreira Andrade Junior, Grace Kelly Matos Silva, Jéssica Silva Andrade, Milena Soriano Marcolino