PERFIL ELETROCARDIOGRÁFICO DAS URGÊNCIAS CARDIOLÓGICAS EM UNIDADES DE PRONTO ATENDIMENTO DE BELO HORIZONTE
As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbitos no Brasil e no mundo. Atualmente as doenças isquêmicas do coração ocupam o topo desse ranking e projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) não mostram um cenário diferente nos próximos 20 anos. A detecção e manejo precoce de uma urgência/emergência cardiovascular são fundamentais para a boa evolução do paciente, sendo o eletrocardiograma (ECG) um exame indispensável na urgência para tal finalidade.
Avaliar a prevalência e tipos de alterações eletrocardiográficas em exames das UPAs que foram encaminhados para um serviço brasileiro de telemedicina.
Estudo observacional, retrospectivo, que analisou os ECGs realizados em 2011. O ECG digital de 12 derivações é realizado na UPA e enviado digitalmente para o serviço de referência em telemedicina, no qual o cardiologista recebe e analisa o exame imediatamente, emitindo o laudo em até 10 minutos. Para este estudo, foram avaliados prevalência e tipos de alterações eletrocardiográficas.
No período do estudo, foram realizados 731 ECGs das UPAs de Belo Horizonte. A idade média dos pacientes submetidos ao exame eletrocardiográfico foi 56 ± 18 anos e 54,3% eram homens. Foi observado que 31,6% dos exames eram normais. As alterações eletrocardiográficas mais comuns foram: alterações inespecíficas de repolarização ventricular (27,6%), bloqueio divisional anterossuperior esquerdo (11,1%), fibrilação atrial ou flutter (9,6%), sobrecarga ventricular esquerda (7,7%), bloqueio do ramo direito (6,2%), extrassístole ventricular (5,9%). Bloqueio atrioventricular total e bloqueio 2:1 avançado, que exigem intervenção imediata, foram observados em 1% e 0,7% dos casos, respectivamente. Um total de 92,6% dos exames foram solicitados para investigação de dor torácica. Destes, 6,0% apresentaram alterações sugestivas de isquemia miocárdica aguda: 4,2% supradesnivelamento do segmento ST e 1,8% infradesnivelamento do segmento ST ou inversão de onda T.
O ECG é um exame indispensável em UPAs e, nos casos de patologias cardíacas, deve ser prontamente realizado e interpretado, com adoção de condutas importantes para diminuir a ocorrência de eventos adversos, como nos casos de isquemia aguda, fibrilação e flutter atriais, que possuíram alta prevalência em nosso estudo e BAVs graves, que necessitam de referenciamento rápido para centros especializados. A grande proporção de exames normais sugere uma dificuldade na interpretação eletrocardiográfica por parte dos médicos das UPAs.
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Clínica Médica
Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais; Rede de Teleassistência de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil, Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
Thales Matheus Mendonça Santos, Diomildo Ferreira Andrade Junior, Nina Andrade Carvalho, Maria Thereza Bastos Almeida, Milena Soriano Marcolino