Prevalência de doença renal crônica entre hipertensos e diabéticos atendidos na atenção primária
A doença renal crônica (DRC) é assintomática em seus estágios iniciais. Mundialmente é constatado o problema do subdiagnóstico da doença mesmo entre pacientes com risco para DRC. No Brasil a prevalência de DRC entre grupos de risco não é conhecida.
O estudo teve por objetivo determinar a prevalência de DRC entre pacientes hipertensos e diabéticos atendidos em um programa de Estratégia Saúde da Família (ESF).
Estudo prospectivo do tipo observacional com abordagem quantitativa. A amostra foi formada pelos pacientes cadastrados como hipertensos e/ou diabéticos na unidade-sede do programa de ESF no município de Meruoca, Ceará, nos meses de maio a julho de 2014. O único critério de exclusão foi idade inferior a 18 anos. Foram coletados dados demográficos e clínicos. Foram realizadas duas dosagens de creatinina sérica (pela técnica da reação de Jaffé com reagente da Roche®) com intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dosagem. O cálculo da taxa de filtração glomerular (TFG) foi feito a partir do resultado da creatinina e de acordo com a fórmula denominada Chronic Kidney Disease Epidemiology Collaboration (CKD-EPI). O diagnóstico de DRC foi estabelecido por dois resultados de TFG < 60 mL/min/1,73 m2.
A amostra era formada por 158 (71,5%) mulheres e 63 (28,5%) homens, com idade média de 69,7 ± 15,5 anos. Todos os participantes apresentavam alguma comorbidade: hipertensão em 144 (65,2%), hipertensão associada com diabetes em 41 (18,6%), diabetes isolado em 19 (8,6%), seguidos de associações de diabetes e/ou hipertensão com insuficiência cardíaca ou doença pulmonar obstrutiva crônica em 17 (7,6%). A médias da creatinina sérica e da TFG foram, respectivamente, 1,0 ± 0,4 mg/mL e 71,1 ± 22,8 mL/min. De acordo com o critério adotado, havia 70 (31,7%) sujeitos com DRC.
A prevalência de um terço de doentes renais crônicos entre hipertensos e diabéticos alerta para a importância da avaliação da função renal em grupos de risco atendidos na atenção primária. Mais ainda, aponta para a necessidade de estrutura de saúde capaz de oferecer tratamento adequado nos estágios iniciais da DRC, o que depende da interação entre ESF e especialistas (nefrologistas).
Doença Renal Crônica/ Atenção Primária / Diabetes / Hipertensão arterial
Clínica Médica
Jamille Fernandes Carneiro, Paulo Roberto Santos Santos, Vicente Lopes Monte Neto, Yandra Maria Gomes Ponte, Catarine Cavalcante Ary