PACIENTE COM CÂNCER DE MAMA METASTÁTICO HER-2 POSITIVO SUBMETIDA AO PROTOCOLO EXPERIMENTAL MARIANNE: RELATO DE CASO
MARIANNE é um estudo multicêntrico, randomizado, fase III com três braços, visando comparar a segurança e a eficácia dos esquemas terapêuticos: trastuzumab emtansina (T-DM1) com pertuzumab; T-DM1 com placebo de pertuzumab (cegado para pertuzumab) ou trastuzumab com taxano. Foram selecionadas pacientes portadoras de câncer de mama HER-2 positivo com recorrência local irressecável ou doença metastática sem tratamento prévio.
Relato de caso de paciente submetida a protocolo de estudo de fase III
Revisão de prontuário médico.
Paciente feminina, 36 anos, procedente de Caxias do Sul. Foi encaminhada ao Hospital São Lucas (Porto Alegre) para inclusão em protocolo experimental devido à neoplasia metastática de mama.
Em 2007 diagnosticou-se carcinoma ductal invasor em mama esquerda: receptores hormonais positivos, HER-2 escore 3, EE IIIC. Realizou-se quimioterapia neoadjuvante seguida de mastectomia radical modificada com esvaziamento axilar, a qual retirou um tumor de 5,5cm com metastáses em 14/16 linfonodos. Desse modo, recebeu paclitaxel adjuvante e radioterapia, dando seguimento ao tratamento com tamoxifeno.
Evoluia sem intercorrências até 2010 quando necessitou ressecar um nódulo pulmonar, cuja histologia foi compatível com metástase de carcinoma de mama, positivo para ambos receptores hormonais e para HER-2. O estadiamento, por tomografia de tórax, apontou as lesões-alvo (LA) no lobo pulmonar inferior direito: nº1 de 1,6cm e nº2 de 1,5cm. Revisou-se os critérios de inclusão e de exclusão, sendo autorizada para o protocolo MARIANNE.
A paciente foi randomizada para o braço pertuzumab/placebo (840mg dose de ataque e 420mg dose de manutenção) combinado com T-DM1 (3,6mg/kg). Após o 7º ciclo, avaliou-se resposta parcial (42% de redução em relação ao baseline). A paciente completou o 70º ciclo e manteve a resposta parcial: a LA nº1 estava ausente e a LA nº2 permanece estável.
A terapia-alvo anti- HER-2 alterou o curso natural da doença e passou a ser indispensável no tratamento de pacientes como esse gene superexpresso, uma vez que pelo recentes estudos de fase III demonstram aumento da sobrevida global com seu uso. As evidências atuais sustentam o uso de trastuzumab adjuvante; trastuzumab mais pertuzumab mais um taxano em primeira linha para doença metastática e T-DM1 nos pacientes com progressão em menos de 6 meses do término do tratamento com trastuzumab. Desse modo, é impreterível o estudo desses agentes em novas abordagens terapêuticas.
HER-2, pertuzumab, TDM-1, metastatic, MARIANNE
Clínica Médica
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil
Luiza Doro Pereira, Camille Schneider Ribeiro, Isabel Crivelatti, Virginia Webber, Carlos Barrios