O impacto da antibioticoterapia adequada na mortalidade geral em 30 dias em pacientes sépticos.
A sepse representa uma das principais causas de mortalidade nosocomial no mundo. No Brasil, segundo dados do Instituto Latino Americano de Sepse, no período de 2005 a 2014, a mortalidade foi de 31,6% e de 64,2% por sepse grave e choque séptico, respectivamente.
Avaliar a mortalidade geral em 30 dias de pacientes com sepse grave e choque séptico que receberam antibioticoterapia empírica adequada ao antibiograma comparados aos que receberam terapia inadequada.
Estudo de coorte retrospectivo, com dados coletados de prontuário eletrônico, cuja amostra incluiu pacientes com sepse grave e choque séptico, diagnosticados de acordo com os critérios do Surviving Sepsis Campaign, e com hemocultura positiva, no período de janeiro a dezembro de 2014 no Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foram excluídos menores de 14 anos e aqueles que previamente não tinham indicação de cuidados de terapia intensiva. O antibiótico empírico foi considerado adequado baseando-se no antibiograma e na literatura. Foi comparado o desfecho mortalidade em 30 dias entre os pacientes que receberam antibioticoterapia adequada ou inadequada. As análises foram realizadas nos programas Epi Info e Excel.
O banco de dados de pacientes com critérios de sepse era composto de 586 casos. A amostra estudada foi de 97 pacientes que tiveram hemocultura positiva, dos quais 57 (58,7%) eram homens, a média de idade foi de 63 anos (14 a 92 anos) e 62 (63,9%) pacientes apresentavam antibioticoterapia adequada. Em 4 pacientes não foi registrado uso de antibiótico. Vasopressor foi empregado em 46 (47,4%) pacientes e em 42 (43,2%) foi necessário suporte ventilatório invasivo. Os principais focos de sepse foram, em ordem decrescente: pulmonar, urinário, foco indeterminado e abdominal. A mortalidade geral em 30 dias do grupo com antibiótico adequado foi de 27 pacientes (43,5%) contra 18 (58%) nos de antibiótico inadequado. Não houve diferença estatisticamente significativa (p 0,81; RR 0,96 [IC 0,66-1,39]) de mortalidade entre os grupos.
Houve maior mortalidade em pacientes com antibioticoterapia empírica inadequada, porém tal diferença não foi estatisticamente significativa. Este achado pode dever-se a possível substituição do antibiótico guiado pela hemocultura. Além disso, limitações ocorreram em virtude de os grupos não serem pareados por gravidade, comorbidades prévias ou tempo de início do antibiótico.
Clínica Médica
Graziela Santos Massochini, Mariana Ferreira Oliveira, Fabiano Ramos, Paola Hoff Alves, Leticia Gomes Lobo