Neurocisticercose bulbo pontino.
Fundamentação/Introdução: A neurocisticercose é a infecção parasitária do sistema nervoso central causada pela larva da taenia solium, cysticercus cellulosae, onde o homem é hospedeiro definitivo. Ao atingir o tecido nervoso, pode ocupar diversas áreas, sendo a localização encefálica a mais comum.
Objetivos: Relatar a experiência de neurocisticercose bulbo pontino com importante comprometimento clínico, e como diagnóstico diferencial de tumor e abscesso cerebral.
Delineamento e métodos: Relato de caso qualitativo e observacional, acompanhado em aspecto prospectivo. Não houve seleção de população ou intervenção e não foram aplicados testes estatísticos.
Resultados: V. R., 53 anos, casada, natural e residente em São Paulo - SP, aposentada, iniciou há 6 meses quadro de cefaléia holocraniana, empastamento da voz, paresia e parestesia em membro superior direito. A RNM de crânio de 24/02/2015 apresenta imagem compatível com neurocisticercose de localização bulbo pontino e visualização de escólex. Admitida em 11/05/15 com progressão da parestesia para membros superiores bilateralmente, disfagia, dispnéia e engasgos frequentes. Houve piora do quadro apesar do uso de albendazol e prednisona a nível ambulatorial, sendo necessário internação. Foi encaminhada a UTI onde fez uso de albendazol e praziquantel por 28 dias associados a pulsoterapia com corticóide, evoluindo com melhora importante da ataxia. A análise do líquor foi normal e pesquisa de cisticercose negativa. Transferida a enfermaria em 13/06/15, ainda com tremores que incapacitavam as atividades básicas. Foi iniciado Clonazepam com melhora progressiva dos sintomas, recebendo alta hospitalar em 26/06/15 em condições de acompanhamento ambulatorial multidisciplinar. Fica demonstrado a importância do exame clínico, visando diagnóstico precoce com intervenção adequada, minimizando possíveis danos e sequelas, que podem ser graves, incapacitantes e potencialmente fatais.
Conclusões/Considerações Finais: Apesar dos demais exames terem sido inconclusivos, o achado do escólex na neuroimagem como critério absoluto no diagnóstico foi fundamental. Além disso, é essencial na exclusão dos diagnósticos diferenciais de tumor e abscesso cerebral. Frente à raridade de alguns sítios neurais e a gravidade das manifestações, principalmente no que diz respeito às funções autônomas do corpo, não só o tratamento com o antiparasitário deve ser instituído como o acompanhamento à longo prazo se faz extremamente importante.
neurocisticercose; bulbo pontino; escólex; tumor; abscesso cerebral;
Clínica Médica
Instituto de Infectologia Emilio Ribas - São Paulo - Brasil
Jose Henrique Bolla Iaia, Camila Melo Borges Crosara, Walton Luiz Del Tedesco Junior