PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA: A IMPORTÂNCIA DA PLASMAFÉRESE TERAPÊUTICA IMEDIATA E O USO DE RITUXIMABE EM DOENÇA REFRATÁRIA
A púrpura trombocitopênica trombótica (PTT) é uma doença caracterizada por plaquetopenia, anemia hemolítica, esquizócitos, hemoglobinúria e alteração neurológica. A plasmaférese terapêutica converteu a PTT de uma condição de 90% de mortalidade a uma condição em que mais de 80% dos pacientes têm potencial de cura, contanto que essa terapêutica seja iniciada logo que ocorra a suspeita diagnóstica.
Apresentação de relato de caso de PTT tratada tardiamente com plasmaférese e rituximabe com desfecho desfavorável, apresentando diagnose e terapêutica.
Relato de caso baseado em revisão de dados de prontuário médico. Registro de 2014 de Serviço de Hemoterapia.
Paciente feminino, branca, 42 anos, casada, natural e procedente de Pelotas. Avaliada no hospital de origem com suspeita de PTT devido à cefaleia, rebaixamento do sensório, anemia e plaquetopenia. Ainda na origem foi iniciado tratamento com plasma de horário e dexametasona. Previamente hígida, em uso de sibutramina e anticoncepcional oral. Evoluiu com insuficiência respiratória e necessitou de intubação orotraqueal e ventilação mecânica. Foi transferida ao nosso serviço sete dias após o atendimento inicial. Exames evidenciaram anemia, contagem de plaquetas de 56.200/μL, desidrogenase láctica sérica de 2.075U/L e esfregaço de sangue periférico com esquizócitos. Iniciado plasmaférese terapêutica, transfusão de plasma de horário e corticoide. Evoluiu com hipertensão arterial sistêmica de difícil controle com necessidade de uso de nitroprussiato, mantendo-se em ventilação mecânica e necessitando de antibioticoterapia por infecção pulmonar e de cateter. Após 14 sessões de plasmaférese, evoluiu com queda do número de plaquetas, optando-se pelo uso de rituximabe semanalmente, em quatro infusões, associado a plasmaférese e transfusão de plasma. Apesar de 33 sessões de plasmaférese e do uso de rituximabe, apresentou piora do quadro respiratório. Evoluiu para síndrome da angustia respiratória aguda e para insuficiência renal aguda. Óbito 50 dias após o diagnóstico e início do tratamento.
Em paciente com diagnóstico presuntivo de PTT, a fim de evitar desfechos desfavoráveis, deve-se iniciar plasmaférese terapêutica imediatamente. Dessa forma, reconhecer prontamente a apresentação clínica da PTT é fundamental para otimização do diagnóstico e da terapêutica, refletindo na saúde global do paciente.
Púrpura Trombocitopênica Trombótica, Aférese Terapêutica, Rituximab
Clínica Médica
Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo - Rio Grande do Sul - Brasil, Serviço de Hemoterapia do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) - Rio Grande do Sul - Brasil
Vinicius Molling, Waleska Nunes Maffei, Juliana Salvador, Cristiane Silva Rodrigues Araújo, Denise Ramos Almeida