Impacto do ensino médico sobre a mortalidade e perfil bacteriano em pacientes criticamente enfermos – um estudo retrospectivo
Infecções nosocomiais (IN) constituem um problema de elevada morbidade e mortalidade mundialmente. IN são frequentes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), onde a incidência pode ser de 2 a 5 vezes maior que a população geral hospitalizada. Pacientes em UTI estão sob risco aumentado de IN devido a várias razões, como longa permanência, monitoramento invasivo, lavagem das mãos inadequada, quebra de protocolo de isolamento e antissepsia inadequada. Isso é um desafio principalmente em ambientes acadêmicos, onde estudantes ainda em formação podem comprometer a segurança do processo.
Analisar os dados referentes a taxa de ocupação, média de permanência, mortalidade e perfil bacteriano em um centro de terapia Intensiva de um hospital universitário, comparando os período de atuação com e sem o acompanhamento de alunos de medicina durante o período de graduação.
Estudo retrospectivo de prontuários e dados do levantamento de precauções de isolamento de pacientes admitidos no Centro de Terapia Intensiva em hospital universitário, durante o período de janeiro de 2012 a dezembro de 2014, sendo realizada a construção de banco de dados e análise estatística.
Dos 2624 pacientes admitidos em UTI durante o período, foram analisados (os resultados são expressos em média ± desvio-padrão: janeiro/2012 a junho/2013 (período sem doutorandos) a média mensal de pacientes = 44,55± 8,63 (n = 802), mortalidade mensal = 9,55 ± 4,27 pacientes (n = 172), e taxa de mortalidade 21,33%±6,49. No período com doutorandos (julho/2013 a dez/2014): média mensal de pacientes = 101,22 ± 22,44 (n = 1822), mortalidade média/mês = 22,05± 5,19 (n=397) taxa de mortalidade = 21,94%±3,63. A análise comparativa de mortalidade não foi significativa (P = 0.9145).
O perfil bacteriano permaneceu inalterado durante o período observado, com predomínio de Acinetobacter spp, correspondendo há 29,5% de casos positivos de culturas antes dos doutorandos e há 28,7% dos casos após os doutorandos. Ainda em relação as infecções, foi possível analisar que o perfil bacteriano é intimamente ligado ao local de origem do paciente e a flora bacteriana local.
A presença de alunos de graduação em atuação em um centro de terapia intensiva não se correlacionou com desfecho desfavorável robusto, sem alteração na mortalidade após acompanhamento de dois anos e sem apresentar alterações no perfil bacteriano local.
Clínica Médica
Hospital Universitário - Rio Grande do Sul - Brasil
Joana Weisheimer Rohde, Lucas Freire Bruxel, Lucas Silva Sobreira, Juan Diego Soares Zambon, Diego da Rosa Miltersteiner