SÍNDROME DA ENCEFALOPATIA REVERSÍVEL POSTERIOR (POSTERIOR REVERSIBLE ENCEPHALOPATHY SYNDROME – PRES) NO PUERPÉRIO: RELATO DE CASO
A síndrome da encefalopatia reversível posterior (PRES) é caracterizada por cefaléia, alteração de consciência e visuais, crises convulsivas e está associado a um edema provavelmente vasogênico na substância branca encefálica¹. O padrão característico do PRES nos exames de imagem é a presença de alteração de sinal envolvendo a substância branca da porção posterior de ambos os hemisférios cerebrais, especialmente nas regiões parieto-occipitais, simetricamente². Embora tal síndrome afete principalmente a substância branca, o córtex cerebral, gânglios da base e estruturas infratentoriais podem estar envolvidos. A elevação aguda da TA, alteração da função renal, imunossupressão, eclampsia, neoplasia e seu tratamento e infecções podem provocar PRES³. A mesma ocorre geralmente ao final da gestação por patologias associadas e alterações metabólicas, sendo este um dos poucos casos descritos em puerpério.
O objetivo é descrever o caso de uma paciente puerpéria com PRES, quanto aos seus sinais, sintomas e tratamento.
A metodologia utilizada foi um estudo observacional não analítico (relato de caso).
TS, 27 anos, feminina, primigesta sem alterações obstétricas, apresenta cinco dias após o parto cefaleia holocraniana intensa e sem alívio com analgésicos, e visão turva, sem perda de campo visual. No sétimo dia após o parto, apresentou três episódios convulsivos e rebaixamento do nível de consciência, sendo trazida à emergência apresentando TA 180\90mmHg. Foi submetida à RM de encéfalo mostrando hipersinal em lobos occipitais e temporais em FLAIR. Após controle da TA, apresentou melhora completa dos sintomas, e nova RMN de encéfalo realizada dez dias após o primeiro exame, evidenciou regressão completa das alterações.
A fisiopatogenia do PRES permanece desconhecida, embora duas teorias tentam explicá-la: a teoria vasogênica e a teoria citotóxica. Ao final do caso, a etiologia mais provável do PRES na paciente supra citada, seria a vasogênica, porém sem influência de fatores gestacionais. A teoria vasogênica alicerçada nos pacientes que apresentam PRES associado à hipertensão arterial grave, estabelece comprometimento inicial da autoregulação cerebral e vasodilatação, aumentando a permeabilidade da barreira hematoencefálica determinando a instalação do edema vasogênico.
Clínica Médica
Hospital Universitário - Rio Grande do Sul - Brasil
Joana Weisheimer Rohde, Gisele Mara Paziczek, Luana Severo Vasconcellos , Juan Diego Soares Zambon , Luiz Carlos Porcello Marrone