MONITORIZAÇÃO DE ELETRÓLITOS URINÁRIOS EM PACIENTES CRÍTICOS – AVALIAÇÃO DA DIFERENÇA DE ÍONS FORTES COMO PREDITOR DE MORTALIDADE
Introdução: Parte das funções metabólicas e fisiológicas são dependentes do pH, em pacientes criticamente enfermos o determinante principal do estado ácido-básico e metabólico é a variação extra-celular da diferença de íons fortes (SID), que modifica o pH. Em pacientes com lesão renal aguda o equilíbrio esta desfeito, determinando o surgimento de acidose metabólica e aumentando mortalidade.
Objetivos: Investigar as diferenças entre os eletrólitos séricos e urinários, SID, a diferença de íons fortes aparente (SIDa), a diferença de íons efetiva (SIDe), ânion gap forte (SIG), o excesso de base padrão em pacientes admitidos em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Métodos: Este é um estudo prospectivo, observacional, analítico, com desfecho clínico-laboratorial de pacientes criticamente enfermos admitidos durante o período de abril a agosto de 2014 no UTI de um Hospital Universitário. De uma amostra inicial de 376 pacientes, apenas 45 deles preencheram os critérios de inclusão necessários para o estudo. Coletou-se o sangue de cada paciente no dia de sua admissão na UTI, com base nestes resultados calculamos o excesso de base (EB), SIDa, SIDe e o SIG. Para todas as variáveis, foi considerado significativo um p<0,05. Dividimos em dois subgrupos, a primeira de pacientes com baixo EB (< 2mEq/L) e alto EB, e a segunda realizou-se um comparativo de mortalidade em relação a idade, gênero, SAPS III, SOFA, mortalidade em UTI e internação hospitalar.
Resultados: Pacientes com baixo EB, comparados a pacientes com alto EB, apresentaram escores de gravidade semelhantes quando avaliados pelos índices SOFA (5,36 ± 2,98 versus 3,91 ± 2,33) e SAPS III (46,68 ± 13,31 versus 47,05 ±9,70). A correlação entre ânion gap corrigido para albumina, fosfato e lactato (AGCAFL) e SIG na população total foi forte (r2=0,2663) com IC = 95% [0,26 – 0,70], p=0,0003. A mortalidade foi similar em ambos os grupos (p>0,05). Quando avaliados por este desfecho, os pacientes que foram a óbito durante o período do estudo apresentaram idade, tempo de internação, lactato, BUN, escores SOFA e SAPS III significativamente maiores que no grupo sobrevivente (p<0,05).
Conclusões: Observou-se que a avaliação da SIDa encontrada não foi estatisticamente significativa em relação à mortalidade. Além de que variáveis como idade, tempo de internação, lactato, ureia e escores preditores de risco parecem ter maior valor preditivo para o desfecho, sendo que o SIG não foi superior ao lactato como preditor de mortalidade.
Palavras-chave: Diferença de íons fortes; Escores prognósticos; Equilíbrio ácido-base; Pacientes criticamente enfermos.
Clínica Médica
Luiza Ester Menel Roza, Tamara Brun Vidaletti, Maria Vitória França Amaral, Rossana Maria Souza, Diego Rosa Miltersteiner