HEPATITE QUÍMICA POR TUBERCULOSTÁTICOS EM PACIENTE HIV POSITIVO
A hepatite química ocorre em até 30% dos pacientes que iniciam o tratamento com tuberculostáticos (Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida e Etambutol - RHZE), variando desde um aumento transitório assintomático das transaminases até uma hepatite aguda grave.
Relatar um caso de paciente infectada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) que cursou com hepatite química após início de tuberculostáticos.
Relato embasado em um estudo observacional cujas informações foram obtidas através de revisão de prontuário, entrevista com o paciente, revisão de literatura e análise de exames realizados.
Paciente 32 anos, feminina, branca, solteira, internada com suspeita clínica de tuberculose (TB) e infecção por HIV. Foi iniciado tratamento com Bactrim® e RHZE, encaminhada ao centro de referência de TB e HIV. Após 11 dias de uso da medicação, apresentou piora clínica; icterícia, astenia, prurido intenso pelo corpo, vômitos frequentes e síncope. Exames laboratoriais da paciente: Hemoglobina: (8,6g/dL), Bilirrubinas total: (6,7mg/dl). Bilirrubina direta: (4,3mg/dl), Bilirrubina indireta: (2,4mg/dl), Ureia: (60mg/dL), Fosfatase alcalina: (1196U/L), Aspartato-transaminase (AST): (506U/L), Alanino-transaminase (ALT): (126U/L), Gamaglutamil transpeptidase (GGT): (614U/L). Sorologia positiva para HIV.
Em função do quadro clínico levantou-se hipótese de hepatite química, portanto foi interrompido o esquema de RHZE, mantido Bactrim® e solicitada carga viral (CV) e linfócitos T CD4+ (CD4). Retorna sem melhora dos sintomas, CV: (1.511.679 cópias) e CD4: (233céls/mm3). Frente a esse quadro foi iniciada terapia antirretroviral (Lamivudina, Tenofovir e Efavirenz). Após 5 dias de uso do esquema antirretroviral apresentou-se em bom estado geral, anictérica e com remissão dos sintomas.
A hepatite química é frequente em pacientes que iniciam o esquema tuberculostático. Entre os indivíduos co-infectados por HIV e TB os efeitos adversos assumem uma importância ainda maior, devido a sua natureza potencialmente fatal. No caso descrito a paciente iniciou com tuberculostáticos e após diagnóstico de hepatite química, interrompeu o tratamento, tendo que iniciar o esquema antirretroviral devido a alta carga viral e baixo CD4 apresentado nos exames.
A frequência de hepatotoxicidade por tuberculostáticos é maior em pacientes infectados pelo HIV, e as complicações causadas pela hepatotoxicidade em pacientes com CD4 abaixo de 200 células/mm3 podem ser o principal fator da alta mortalidade.
Tuberculostáticos, Hepatite Química, HIV
Clínica Médica
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - Santa Catarina - Brasil
Yuri Caetano Machado, Ana Camila Ascoli, Thessaly Puel Oliveira, Dâmaris Martins Souza, Rosalie Kupka Knoll