Aneurisma roto de aorta abdominal tratado com implante de endoprótese: Relato de caso e discussão sobre tomada de decisões em serviço de menor complexidade.
A ruptura de aneurisma de aorta abdominal é uma complicação com elevada mortalidade, com sobrevida em torno de 25%. Além disso, se necessária a transferência para grandes centros médicos, há evolução com pior prognóstico e mais frequentemente, o desfecho é fatal.
Relatar o caso de um paciente do sexo masculino, 81 anos, diabético, dislipidêmico, portador de insuficiência cardíaca classe funcional III de etiologia isquêmica e aneurisma de aorta abdominal. O mesmo apresentou dor de início súbito em região lombar esquerda associado a tonturas e sudorese e rapidamente evoluiu com instabilidade hemodinâmica.
Estudo descritivo do tipo relato de caso cujos dados foram colhidos através de anamnese, atendimento, seguimento do paciente e decisões registradas pela equipe responsável.
Realizada tomografia de abdome que evidenciou aneurisma roto de aorta abdominal infra renal com enorme hematoma em região retro-perineal. O mesmo encontrava-se em um serviço de menor complexidade com tempo de transferência superior a 3 horas. Frente a este diagnóstico, na presença de diversas comorbidades e a necessidade emergencial de estabilização hemodinâmica, optado pela realização de tratamento endovascular com colocação de cateter balão oclusor de aorta, posicionado logo abaixo das artérias renais, visto que transferir o paciente ou a realização de intervenção aberta, seriam condutas de alta mortalidade. Foi necessário encomendar a prótese e, no entanto, enquanto aguardava pela mesma, evoluiu novamente com instabilidade hemodinâmica. Desta forma, procedida a inserção de outro cateter balão para ocluir a aorta distalmente, ao nível da bifurcação, impedindo a hemorragia por refluxo das artérias ilíacas. Mantido estável por três horas até a chegada da endoprótese. Procedida a colocação, apresentou parada cardíaca durante o procedimento, imediatamente reanimado e término com sucesso após 9 horas do início do quadro. Apesar de algumas intercorrências clínicas no pós operatório, obteve alta hospitalar após 28 dias assintomático e sem sequelas.
É importante ressaltar que a instabilidade hemodinâmica apresentada era impeditiva de transporte para um centro maior e a cirurgia aberta pelas comorbidades do paciente era inviável, sendo fundamental neste caso a decisão por aguardar a endoprótese. E ainda, mostra a importância da conduta individualizada que neste caso foi fundamental para o desfecho favorável do paciente.
Aneurisma roto de aorta abdominal.
Clínica Médica
Lucas Oliveira Marques, Rogério Torres Marques, Marcus Klay Silveira Chiattoni, Mariana Oliveira Marques, Bruno Almeida Ferreira Piccoli